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Mais de 10% dos policiais penais buscaram ajuda psicológica em um ano em MT

Fonte: G1MT Foto: Tchelo Figueiredo/Secom-MT

Dados divulgados no fim de março pelo Sindicato dos Policiais Penais do Estado (SINDSPPEN) revelam que, desde 2024, um número expressivo de policiais penais e servidores de Mato Grosso tem procurado ajuda psicológica. Mais de 350 profissionais, representando 12,5% da categoria, buscaram esse tipo de suporte.

Segundo Emilene Nunes, diretora de saúde do SINDSPPEN, a carga horária exaustiva é um dos principais motivos relatados. Atualmente, os cerca de 2.800 policiais penais do estado trabalham em regime de escala 24x72, permanecendo um dia inteiro nas unidades prisionais. Essa rotina impõe aos servidores uma vivência similar à dos detentos, com a responsabilidade constante pela segurança e a pressão diante dos riscos de fuga e entrada de materiais ilícitos, gerando um alto nível de estresse.

Outra questão relevante apontada pelos profissionais é a situação financeira precária. Emilene Nunes informa que alguns servidores têm mais de 85% de sua renda comprometida com empréstimos, o que acarreta grande preocupação tanto no âmbito familiar quanto profissional.

Diante desse cenário, o SINDSPPEN oferece atendimento psicológico gratuito para os policiais penais e seus dependentes desde o ano passado, realizando o acompanhamento por meio de profissionais de saúde. Emilene Nunes é a responsável pela triagem inicial, encaminhando os casos para psicólogos ou, se necessário, para internação.

O psicólogo Kleverton Mariani critica a falta de atenção à saúde mental dos servidores da segurança no sistema penitenciário estadual. Ele aponta que as avaliações para ingresso na carreira se concentram no porte de arma, negligenciando a saúde psíquica dos profissionais.

Mariani também destaca que a rotina exaustiva pode levar ao esgotamento físico e mental, culminando na síndrome de burnout. Mesmo com 72 horas de descanso, muitos policiais penais utilizam esse tempo para complementar a renda, agravando o estresse e reduzindo o tempo dedicado à família, em decorrência dos problemas financeiros.

Para o psicólogo, não existe uma solução única, sendo fundamental analisar cada caso de forma humanizada, oferecendo todo o acompanhamento profissional necessário para o bem-estar dos servidores nos âmbitos profissional e familiar.

"O essencial é procurar entender o profissional e o cenário. Analisar se é o caso de sugerir um remanejamento de cargo, um afastamento ou até mesmo desenvolver uma atividade entre a equipe, porque não adianta tratar um único profissional, se a equipe toda estiver mal", concluiu Mariani.



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