O que acontece agora, após Bolsonaro virar réu
Fonte: G1 Foto: Foto: Gustavo Moreno/STF |
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus nesta quarta-feira (26) o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete de seus aliados pela participação em uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Essa decisão não significa que eles foram considerados
culpados ou inocentes – mas sim, que os ministros viram indícios mínimos dos
crimes nas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
⚖️ Na denúncia de mais de 300
páginas, a PGR atribui ao grupo a formação do "núcleo crucial" de uma
organização criminosa voltada à ruptura institucional.
⚖️ Ao todo, 34 foram
denunciados, mas os nomes foram divididos em cinco
núcleos que serão julgados em etapas. Os oito que se tornaram réus,
incluindo Bolsonaro, compõem o chamado "núcleo crucial".
Veja abaixo o que pode acontecer a partir daí:
1. STF dá início à fase processual
Com o recebimento da denúncia, tem início a chamada fase
de instrução da ação penal. É neste momento que o Ministério Público e as
defesas poderão:
- apresentar
provas;
- pedir
diligências;
- convocar
testemunhas;
- debater
as teses das defesas e da acusação; e
- realizar
todos os atos processuais previstos na legislação.
Ao final dessa etapa, o STF fará o julgamento do
mérito: decidirá se os réus devem ser condenados ou absolvidos.
2. Baixo risco de prisão ao longo do processo
Embora a aceitação da denúncia não implique, por si só, em
medidas cautelares, como a prisão preventiva, o STF pode vir a adotar esse tipo
de decisão durante o andamento do processo, caso entenda que há risco à
ordem pública, à instrução processual ou de fuga.
A depender da evolução do caso e do comportamento dos réus,
novas medidas podem ser discutidas.
3. Julgamento ainda será marcado
A data de julgamento depende da quantidade de diligências,
oitivas e recursos apresentados. Caberá ao Supremo condenar ou absolver o
grupo. Se houver absolvição, o caso é arquivado e nenhuma punição é
aplicada.
Caso sejam condenados, os réus poderão ter penas
de prisão que variam a depender do crime imputado — como tentativa de
golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
organização criminosa e dano qualificado.
Uma série de efeitos civis e administrativos também pode ser
aplicada, incluindo:
- reparação
de danos;
- perda
de cargos e mandatos; e
- inelegibilidade.
🔍 Quando a decisão
se tornar definitiva, sem a possibilidade de recurso, a pena de prisão e os
outros efeitos passam a ser implementados.
O que diz a denúncia
A
denúncia foi apresentada pela PGR em fevereiro deste ano e é baseada
em investigações da Polícia Federal. Segundo a acusação, Bolsonaro liderou uma
organização criminosa que, entre julho de 2021 e janeiro de 2023, promoveu atos
voltados à derrubada da democracia. O grupo teria atuado com divisão de
tarefas, produzindo e disseminando desinformação, pressionando as Forças
Armadas e instigando a invasão de prédios públicos.
São réus junto com Bolsonaro, até o momento:
- Alexandre
Ramagem (ex-diretor da Abin);
- Anderson
Torres (ex-ministro da Justiça);
- Braga
Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa);
- Almir
Garnier (ex-comandante da Marinha);
- Paulo
Sérgio Nogueira (ex-comandante do Exército)
- Augusto
Heleno (ex-ministro do GSI);
- Mauro
Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro).
A sessão desta quarta-feira marcou a etapa
final do julgamento iniciado na terça (25), quando os ministros rejeitaram
os pedidos das defesas para anular o processo.
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