Fotofobia pode indicar complicações nos olhos e na saúde
Fonte: Noticias ao minuto Foto: Shutterstock |
A fotofobia ou intolerância à
claridade não é só um desconforto nos olhos intensificado no verão pelo aumento
da radiação ultravioleta. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto
do Instituto Penido Burnier, o sintoma pode estar associado a alterações na
saúde ocular, doenças sistêmicas como lúpus, fibromialgia, hipovitaminose A,
alterações hormonais, neurológicas e ao uso contínuo de alguns medicamentos.
Ocorre em todas as faixas etárias com maior frequência em pessoas de olhos
claros e albinos que tem maior sensibilidade à luz nas células da córnea e da
retina.
Membro do CBO (Conselho
Brasileiro de Oftalmologia), o especialista ressalta que na maioria das pessoas
a condição vem acompanhada de visão embaçada, vermelhidão, ardência, dor nos
olhos e dor de cabeça, sintomas que indicam necessidade de acompanhamento para
prevenir maiores prejuízos à saúde ocular.
Principais alterações nos
olhos
Astigmatismo: É a causa número 1
da fotofobia, sobretudo entre crianças, afirma Queiroz Neto. “As mais atingidas
são as alérgicas que de tanto coçar os olhos fazem o formato redondo da córnea
se tornar ovalado” pontua. Quando a córnea é esférica, explica, as imagens
penetram no olho pela córnea, atravessam o cristalino e são projetadas sobre a
retina. Em olhos com astigmatismo, a córnea ovalada ora projeta as imagens na
frente da retina, ora atrás. “Esta flutuação do foco provoca fotofobia e
visão desfocada para perto e longe. A criança não sabe que enxerga o mundo fora
de foco. Por isso, a recomendação é que passem por um exame oftalmológico nas
férias, principalmente porque há muitas evidências de que o excesso de
telas é uma causa importante do aumento da miopia na infância”, afirma
Sinais e tratamento: Uma dica de
Queiroz Neto aos pais é observar se a criança ou adolescente tem hábito de
esfregar ou apertar os olhos em ambientes com bastante claridade. Isso porque,
deve ser educada a não levar as mãos aos olhos para evitar a progressão do
astigmatismo para ceratocone. O astigmatismo é diagnosticado pelo exame de
refração e pode ser corrigido pelo uso de lente de contato tórica ou óculos com
lente tórica e fotossensível que corrige o astigmatismo e reduz a fotofobia por
escurecer quando exposta ao sol, pontua.
Ceratocone: A condição que
responde pelo maior número de transplantes de córnea no País e atinge mais de
100 mil brasileiros, a maioria crianças e adolescentes. Queiroz Neto explica
que o ceratocone pode ser confundido com astigmatismo, mas é mais grave. Isso
porque, enfraquece e afina a córnea, fazendo com que progressivamente
tome o formato de um cone. O diagnóstico no início da condição só e
possível pela tomografia, um exame detalhado da superfície anterior e posterior
da córnea.
Sintomas, tratamento e prevenção:
Além da fotofobia, a troca frequente dos óculos, visão de halos noturnos, maior
fadiga no uso de telas, coceira e vermelhidão sinalizam o ceratocone. “Por ser
uma doença progressiva, o tratamento de primeira linha para ceratocone é o
crosslink, único que interrompe a evolução em 85% dos casos e elimina o risco
do transplante”, afirma Queiroz Neto. A cirurgia é ambulatorial. “Associa
a aplicação de vitamina B2 (riboflavina) e radiação ultravioleta (UV) para
fortalecer a reticulação do colágeno da córnea”, salienta. O problema, comenta,
é que muitos pacientes adiam o procedimento e quando decidem operar a córnea já
afinou mais que o permitido para uma cirurgia segura.
Uveite: Inflamação da úvea,
revestimento interno do globo ocular formado pela íris, corpo ciliar e coroide,
a uveite pode atingir pessoas de todas as idade. É causada por doenças
infecciosas, inflamatórias ou autoimunes. Pior: “Frequentemente é confundida
com conjuntivite pela população por apresentar alguns sintomas semelhantes –
vermelhidão, dor e fotofobia” afirma Queiroz Neto. Por isso, ao sentir um
desconforto no olho a recomendação do oftalmologista é consultar um
especialista. “Tratar uveite como colírio para conjuntivite pode levar à perda
da visão” alerta.
Catarata: Queiroz Neto esclarece
que todos os tipos de catarata - senil, traumática, secundária por
medicamentos, diabética ou congênita - causam a opacificação do cristalino,
lente interna do olho. Isso provoca a dispersão da luz no globo ocular e
resulta em fotofobia intensa. “É esta dispersão da luz, explica, que aumenta a
fotofobia a ponto de causar cegueira momentânea durante a condução noturna por
motoristas com catarata, explica.
A boa notícia é que a catarata é
eliminada pela cirurgia que substitui o cristalino opaco pelo implante de uma
lente intraocular que também corrige os erros de refração, incluindo a
presbiopia.
Outras condições oculares e
sistêmicas
Queiroz Neto esclarece que a
fotofobia pode ser causada pela síndrome do olho seco, uma alteração na
quantidade ou qualidade da lágrima, cicatrizes na córnea causadas pelo uso
abusivo de lente de contato, conjuntivite mal-cuidada, ceratite (inflamação da
córnea), e condições neurológicas como enxaqueca, encefalite ou meningite.
Mulheres e medicamentos.
“As oscilações hormonais na
mulher, independente da faixa etária, somada ao frequente contato da mucosa
ocular com cosméticos ou maquiagem e a redução dos hormônios sexuais após a
menopausa fazem com que elas tenha 3 vezes mais olho seco e consequentemente
mais fotofobia”, destaca. A mulher, ressalta também está exposta ao uso de
anticoncepcional que também piora o ressecamento da lágrima e a fotofobia. Além
dos anticoncepcionais, outros medicamentos que podem provocar a fotofobia Queiroz
Neto destaca os antibióticos, antialérgicos, antiarrítmicos,
anti-hipertensivos, corticoides e os indicados para acne como a
Isotretinoína. Para diminuir o desconforto e proteger os olhos a recomendação é
usar óculos escuros que filtrem 100% da radiação UV, finaliza.
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