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Anhuma inspirou toque de berimbau presente na capoeira; saiba mais sobre a ave

Fonte: G1 Foto: Wagner Fiorentino/INaturalist

Ave símbolo do estado de Goiás, a anhuma (Anhima cornuta) está presente também nas bandeiras das cidades de Guarulhos (SP) e Tietê (SP). Talvez o que você não saiba, é que o canto dela está presente na história da capoeira.

Segundo o professor Odilon José Roble, da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, a ave teria inspirado o toque de iúna, presenta na tradição da capoeira regional, que nasceu no Brasil em meados de 1930. O toque imita o chamado da anhuma quando o macho quer atrair uma fêmea.

Introduzido pelo Mestre Bimba, o registro mais antigo do toque iúna são os discos Vadiação (1954) e Curso de Capoeira Regional (1989), ambos gravados pelo mestre.

"Ele adaptou esse toque aos ritmos da capoeira para nomear um chamamento de que, naquele momento na roda, só jogadores mais graduados poderiam jogar (mestres, contramestres, instrutores, etc). Era uma forma de identificar esse pedido sem precisar parar a roda e fazer a orientação, só a mudança do toque já seria o suficiente para indicar isso", diz Odilon.

“Quando a capoeira envolve os animais, tem muito a ver com comportamento humano e animal, eles têm muita semelhança, tanto que as bases para os estudos, principalmente psicológicos, que estudam os comportamentos humanos, são feitos em animais”, comenta Giulia Mariano, capoeirista e médica veterinária sobre a influência da natureza na cultura.

Na capoeira, o toque de iúna é acompanhado pela bateria completa e pelas palmas, dispersando o canto. Nesse momento, somente os alunos graduados, de corda azul ou superior, podem jogar.

Segundo relatos antigos, o mestre Bimba tocava iúna quando queria esfriar os ânimos de uma roda violenta. Um dos movimentos praticados durante o toque é a “cintura desprezada”, que acontece quando um jogador é lançado para o alto e cai em pé.

O canto da anhuma

A anhuma é conhecida também como inhuma, que deriva da palavra tupi “nhãum”, que significa “pássaro preto gritador”.

A ave corre tipicamente na Amazônia, presente em quase toda a região, chegando também até o interior do Ceará, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso (Pantanal), São Paulo e Paraná. É encontrada ainda na Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. 

O ornitólogo Guilherme Rocha Brito explica que o canto da ave, assim como outras espécies, é utilizado como para comunicação, defesa de território, reforço sexual entre casais e chamamento de filhotes.

“As anhumas são aves grandes aparentadas aos patos que possuem aparatos vocais bem desenvolvidos e com capacidade de realizar vocalizações altas. Outros representantes da família possuem gritos muito mais altos e fortes”, explica ele.

Segundo o Wikiaves, a anhuma habita pantanais, beiras de lagoas e rios com margens florestadas ou vegetação rasteira. A ave vive aos casais e em grupos familiares, eventualmente em bandos maiores. Costuma migrar durante a seca, retornando na estação chuvosa.




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