;

Especiais

O Que é a Justiça de Deus? O Significado da Justiça Divina


A justiça de Deus é o Seu atributo que significa que Ele é perfeitamente justo. Não há qualquer injustiça em Deus e em seus feitos, pois Ele é plenamente correto e íntegro. O próprio Deus é o padrão final do que é justo e certo, e Ele sempre age de acordo com esse padrão.

Justiça é aquilo que está em conformidade com o que é reto; é a qualidade do que está de acordo com o cumprimento da lei. No estudo bíblico-teológico, frequentemente o atributo da justiça de Deus é também chamado de “retidão de Deus”.

O ensino bíblico sobre a justiça divina é muito claro, assim como também o é o ensino a respeito dos demais atributos de Deus. Por toda a Bíblia há inúmeras passagens que mostram a indignação divina diante do pecado do homem e a punição da injustiça.

Os aspectos da justiça de Deus

Muitas vezes os estudiosos falam da justiça de Deus em dois aspectos diferentes, mas diretamente interligados. O primeiro é chamado de “justiça interna”, e diz respeito a quem Deus é. Em seu próprio caráter Deus é absolutamente justo, ou seja, Ele não é justo meramente porque pratica a justiça, mas Ele pratica a justiça porque em si mesmo Ele é justo. Já o segundo aspecto é chamado de “justiça externa”, e diz respeito ao que Deus faz. Por ser justo, Ele só faz o que é reto.

Então sendo inteiramente justo, Deus manifesta Sua justiça em Seu governo do mundo, impondo às suas criaturas uma exigência moral de acordo com a retidão da Sua vontade. Relacionado a isso, a teologia também fala da justiça de Deus no sentido distributivo. Deus aplica Sua lei de forma justa e imparcial, recompensando o justo e punindo o injusto.

Deus recompensa homens e anjos que andam em retidão. Esse ato de Deus recompensar os obedientes é chamado de “justiça remunerativa”. Mas considerando que ninguém, por seus próprios méritos, é capaz de ser absolutamente justo diante do padrão moral de Deus, a justiça remunerativa é também uma expressão do amor divino (cf. Lucas 17:10; 1 Coríntios 4:7). Como explica Louis Berkhof, as recompensas que Deus concede às Suas criaturas são frutos da Sua graça e resultam de uma relação pactual estabelecida por Ele (Teologia Sistemática, 1949).

Por um lado, intrinsecamente o homem não merece a recompensa que recebe de Deus, mas por outro ele é sempre merecedor do castigo que recebe. Então se a justiça remunerativa trata das recompensas para os justos, a justiça retributiva trata da punição aos injustos. Por ser justo, Deus castiga àqueles que andam na transgressão da Sua lei (Romanos 1:32; 12:19; 2 Tessalonicenses 1).

A justiça divina exige que o pecado seja punido, pois se não fosse assim, então não haveria justiça. Se a justiça remunerativa expressa o amor divino, a justiça retributiva expressa a ira divina.

A justiça de Deus na Bíblia

Logo no primeiro livro bíblico vemos a manifestação da justiça de Deus em alguns eventos emblemáticos como na maldição após a Queda (Gênesis 3); no dilúvio (Gênesis 6-9); e na destruição das cidades de Sodoma e Gomorra (Gênesis 18).

Ainda no livro de Gênesis encontramos a enfática declaração de Abraão sobre a justiça de Deus. No contexto do derramamento do juízo de Deus sobre Sodoma, Abraão argumenta que jamais Deus trataria de igual forma o justo e o ímpio, pois isso resultaria numa injustiça. Então na sequência ele diz: “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gênesis 18:25).

Também no Pentateuco Deus é chamado de justo repetidas vezes, enfatizando o fato de que Ele é fiel, reto e não comete erros (Êxodo 9:27; Deuteronômio 32:4). Essa verdade se estende pelos livros históricos, poéticos e proféticos do Antigo Testamento. Inclusive, no livro de Salmos o ensino bíblico explica que a justiça de Deus é manifestada em toda parte e também é a causa da preservação dos homens e dos animais (Salmo 36:6).

Através do profeta Isaías, o próprio Deus fala sobre Sua justiça: “[…] Eu sou o Senhor, que falo a justiça e anuncio coisas retas” (Isaías 45:19). Perfeito em Sua retidão, Deus não precisa dar qualquer satisfação ao homem sobre Sua justiça, e todo questionamento do homem nesse sentido é uma tentativa louca de colocar em dúvida a justiça de Deus (cf. Jó 40:8).

No Novo Testamento esse mesmo princípio é mantido, onde fica claro que Deus é o Criador e o homem é a criatura que não tem o direito de questionar os padrões divinos (Romanos 9:14-22).

Mas sem dúvida a maior conexão acerca da justiça de Deus no Antigo e no Novo Testamento encontra-se na pessoa de Cristo. No Antigo Testamento Cristo é o Renovo Justo prometido por Deus (cf. Jeremias 23; Zacarias 9:9); Ele é o Juiz anunciado que haveria de julgar não pelo que os olhos vêem, mas pela reta justiça (cf. Isaías 11:3-5).

O amor e a justiça de Deus

Algumas pessoas pensam que há uma tensão entre o amor e a justiça de Deus. Elas dizem que o atributo da justiça revela um Deus severo e irado que não combina com o atributo do amor que revela um Deus misericordioso e longânimo. Inclusive, muitas dessas pessoas acabam criando para si a imagem de um deus cuja justiça é negligenciada em favor do amor. Mas definitivamente esse não é o Deus da Bíblia.

Obviamente não há qualquer incompatibilidade entre a justiça e o amor de Deus. Em primeiro lugar, o castigo divino pelo pecado não é uma arbitrariedade por parte de Deus, mas é uma preservação de Sua justiça. Se Deus deixasse o pecado impune Ele não seria justo, e se Ele não fosse justo Ele também não seria verdadeiramente amoroso, pois que garantia haveria no amor de um ser injusto?

Em segundo lugar, Deus não é uma soma de atributos, como se fosse metade justiça e metade amor. Deus é um ser uno; Ele é totalmente amor e totalmente justiça, e seus atributos definem uns aos outros. Dessa forma, Deus é amorosamente justo e justamente amoroso.

Então a justiça de Deus é expressa em Seu amor, bem como o amor de Deus é expresso em Sua justiça. Isso fica claro quando olhamos para Cristo. O apóstolo Paulo explica Deus enviou a Cristo “como sacrifício para a propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça” (Romanos 3:25).

Cristo e a justiça divina

As pessoas frequentemente olham para Cristo e enxergam apenas o amor de Deus, quando também deveriam enxergar a Sua justiça. Em Cristo vemos que Deus é tão amoroso a ponto de entregar seu próprio Filho para morrer por pecadores; ao mesmo tempo em que vemos que Ele é tão justo a ponto de não poupar nem mesmo o seu próprio Filho que assumiu o lugar dos pecadores.

Portanto, como diz H. Bavink em sua Dogmática Reformada, a manifestação da justiça de Deus é simultaneamente a manifestação de Sua graça (cf. Salmo 116:5). Então até mesmo o perdão de pecados é devido à justiça divina (1 João 1:9). Além do mais, pelos méritos de Cristo os redimidos são justificados pela justiça de Deus e colocados numa posição de honra e bem-aventurança na família celestial.

Por tudo isso a justiça de Deus jamais deve ser um motivo de descontentamento para os crentes, mas um motivo de conforto e gratidão. Se Deus não fosse justo, não teríamos qualquer base para confiar n’Ele, e não haveria qualquer esperança de que o bem triunfará por toda a eternidade. Mas a boa notícia é que Deus é perfeitamente reto, e todos os seus caminhos são justos (Deuteronômio 32:4). Então louvemos ao Senhor todos os dias por Sua justiça perfeita; e que jamais esqueçamos que a vontade de Deus para nós é que também sejamos justos (Miqueias 6:8).

Fonte: Estilo Adoração 

Nenhum comentário

Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.