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Busca por beleza irreal causa mortes e resultados indesejados: “Número de seguidores não é currículo”

Fonte: TV Cultura Foto: Unsplash

Mortes e resultados indesejados em procedimentos estéticos ‘ganham’ as redes sociais de tempos em tempos. Um dos casos mais recentes foi o do empresário Henrique Chagas, que morreu no dia 3 de junho após ser submetido a um peeling de fenol.

O assunto foi um dos mais comentados do mês. Fato que se deu principalmente pela falta de especialização de Natalia Becker, responsável por realizar a técnica que causa queimaduras e descamação da pele e, consequentemente, a renovação celular. Sem formação em medicina, a influenciadora foi indiciada por homicídio doloso.

Após o ocorrido, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a utilização de produtos à base de fenol em qualquer atividade estética.

Em 2020, de acordo com dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil voltou a ser o segundo país que mais realiza intervenções cirúrgicas no planeta, atrás apenas dos Estados Unidos. Nos dois anos anteriores (2018 e 2019), os brasileiros estavam no topo do ranking.

Em entrevista ao site da TV Cultura, Gabriela Schwartzmann, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), expõe que, o uso de filtros na internet colabora para que as pessoas desenvolvam expectativas irreais, principalmente pelo fato de influencers digitais propagarem uma imagem inexistente.

A especialista ainda ressalta que ao pensar em qualquer tipo de intervenção, é necessário avaliar todos os riscos, seja em maior ou menor grau.

“Até para atravessar a rua se tem risco de morrer, então você não vai adotar medidas para não morrer? Você vai olhar para os dois lados e ver se passa carro. Existem medidas de segurança justamente porque existem riscos, e em procedimentos estéticos isso não é diferente. O que acontece é que muitas pessoas são levadas a acreditar que é só atravessar a rua, sem olhar para os lados, que alguém vai te levar em segurança, e não é bem assim”, ressalta.

Ao se ter a convicção de que quer realizar mudanças em qualquer parte do corpo, a médica esclarece que a primeira coisa a se fazer é conhecer a fundo o especialista, com checagem do nome do profissional no Conselho Federal de Medicina, por estado ou cidade, para verificar se realmente é membro e qual é a sua especialidade.

“O número de seguidores e antes e depois não é currículo, as pessoas confundem fama com expertise, esse é um grande problema”.

Além disso, outro ponto importante a se levar em consideração é o preço, já que o barato muitas vezes pode sair caro com a economia, seja na expertise do profissional, no ambiente ou na qualidade dos produtos utilizados: “Desconfie de valores ou condições muito abaixo do mercado e de qualquer profissional que fale que o resultado é garantido, porque todo e qualquer procedimento vai apresentar um risco”.

Segundo Schwartzmann, um dos maiores desafios é que a população procura por soluções fáceis e rápidas, o que é aproveitado por “profissionais inescrupulosos que entraram na estética pautados em cima de sonhos”, o que faz com que o papel dos órgãos sanitários seja cada vez mais importante e necessário.

“É muito triste assistir o que esse cenário e a proporção que esses procedimentos feitos de forma incorreta tomaram, vemos um boom de sequelas para serem corrigidas, com grandes sofrimentos, tratamentos caros e extremamente prolongados”, relata.

Para evitar resultados indesejados, pesquisar sobre a intervenção que será realizada também é de extrema importância, o que pode ser feito de maneira fácil e confiável pelo site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

“Se a pessoa estiver realmente interessada, ela tem que buscar conhecer o procedimento. Quando vai comprar um carro não se busca informações? As outras opções no mercado? Acredito que precisamos agir da mesma forma quando estamos falando de saúde”.

Realizar qualquer tipo de procedimento sem passar por uma avaliação prévia é perigoso e contraindicado. Tudo deve ser levado em consideração: a condição de saúde, quais medicações toma, quais tipos de tratamento fez antes, se algum remédio pode interferir no processo e se existe alguma contraindicação. Exames devem ser solicitados sempre que existir demanda, assim como a avaliação pré-anestésica.

“Nas redes sociais, muito se vende que tudo é fácil, rápido e garantido, mas uma coisa que prezamos muito é a segurança do paciente. Uma vez que vamos fazer um procedimento, nós obrigatoriamente temos que saber tratar as complicações, essa é uma prerrogativa, além de saber adotar condutas adequadas e precoces para prevenir danos”, finaliza Gabriela.



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