A questão do aborto
“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Salmos 139.16)
Por que para nós, seguidores de Jesus Cristo, esse não é um
tema periférico, como querem sugerir os “progressistas” sem consciência? Porque
se trata do direito à vida, dom sagrado de Deus.
A argumentação pró-aborto quase sempre se baseia na falsa
premissa de que a vida humana não é plena no ventre materno. Ou seja, a grosso
modo para os abortistas, um embrião ou um feto não seria “alguém”, mas apenas
“algo” que pode ser descartado. Segundo essa ética inconsequente, a vida não
começaria na concepção e sim no nascimento.
O que a palavra de Deus diz, porém, é absolutamente oposto.
A expressão do salmista em sua oração é maravilhosa: “Os teus olhos me
viram a substância ainda informe” (Sl 139:16). Em outros termos, ele
diz que Deus o reconheceu mesmo antes da formação fetal. Não era ali uma coisa,
mas ele mesmo, ainda que não tivesse forma definida, numa referência clara às
primeiras semanas de gestação, logo após a fecundação. A Jeremias, Deus disse:
“Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te
conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às
nações” (Jeremias 1.5).
Mais uma vez, está clara a ideia de que o Senhor trata como
uma pessoa definida, tanto o embrião (antes da forma), quanto o feto (antes do
nascimento).
No Antigo Testamento, a palavra hebraica traduzida como
criança ou bebê é “yeled”. Esta mesma palavra também é usada para se referir
aos que estão ainda no ventre materno, confirmando a idéia de que para Deus não
há distinção entre um ser humano que já veio à luz e um que está sendo gestado.
Diante desta e de muitas outras evidências bíblicas, morais
e científicas, não temos como deixar de considerar o aborto provocado em
qualquer fase da gestação, desde a fecundação do óvulo, como homicídio,
subtração da vida humana. Isso vale, inclusive, para métodos abortivos como a
chamada “pílula do dia seguinte”, que é usada até 72 horas após a relação
sexual para expulsar qualquer óvulo fecundado e que tem seu uso legalizado no
Brasil.
Na ótica cristã, provocar o aborto é assassinar.
Infelizmente, isso já é permitido em nosso país por lei e efetuado pelo serviço
público em casos de gravidez decorrente de estupro e de risco de morte da mãe
devido à gestação. Além disso, nossa nação já vive debaixo da culpa desse
terrível pecado, pois centenas de milhares de abortos são realizados todos os
anos na clandestinidade.
Legalizar o aborto é dar legalidade total a esse genocídio.
Não apenas matar, mas matar os absolutamente indefesos sob a cobertura da lei e
o financiamento do Estado. Como a incompetência dos governos não consegue punir
o ilegal, a solução cínica de torná-lo legal é proposta pelos “progressistas”,
especialmente pelo atual governo brasileiro e pelo PT, partido de Dilma
Rousseff.
Meus escritos e posicionamentos não foram encomendados por
ninguém. Não tenho partido político e não estou a serviço de nenhuma campanha
em particular. Sou apenas um pregador da Palavra de Deus (goste o mundo disto
ou não). Se é verdade que há gente hipócrita explorando este tema por pura
conveniência eleitoreira, certamente este não é o nosso caso. O que defendemos
é motivado por convicção e consciência.
Que aborto é um caso de saúde pública, está óbvio. Porém, ao
invés de legalizar esse infanticídio, o que o Estado deveria era gastar um
pouco da fortuna que gasta com tanta publicidade eleitoreira em campanhas de
conscientização e educação sexual, de estímulo à monogamia, em programas de
assistência às mulheres pobres que rejeitam os filhos que geraram e até em
estruturas de tutela das crianças “indesejadas” (ao invés de dizer “se não quer
o filho, nós lhe ajudamos a matá-lo”, o Brasil poderia dizer “se não quer seu
filho, nós o criamos por você”). Nosso Presidente poderia ter inventado um
“Bolsa Vida”, já que ele gosta tanto da ideia, que desse uma opção e um alento
à mulher sem recursos para não interromper sua gravidez. Mas é claro, tudo isso
custaria muito. É mais fácil, mais conveniente e mais barato abortar…
Há um outro tipo de hipocrisia na retórica dos abortistas.
Nós sabemos que uma enorme parcela dos abortos provocados não se baseia na
falta de recursos para criar mais um filho ou na desinformação, mas na
irresponsabilidade de uma sociedade erotizada e imoral, que quer curtir a vida
sem responder pelas consequências. Tanto que os ricos também o fazem em suas
clínicas limpas e seguras. E como os governos tratam de erotizar nossa
juventude nas escolas, a clientela só tende a crescer.
Além disso, o Estado deveria tratar como crime o que é
crime, pois a impunidade é a mãe da corrupção. Se houvesse maior repressão a
quem escolhe e, especialmente, a quem opera o aborto, talvez as estatísticas
fossem menos terríveis… Descriminalizar é, a meu ver, lavar as mãos no sangue
dos inocentes.
Como cristão, não posso concordar com a proposta de que, se
mulheres pobres (ou irresponsáveis) abortam e correm risco de morte por isso,
devemos ajudá-las a abortar “de maneira digna”, assim como não aceito ideias
como legalização das drogas, para que o controle saia das mãos dos traficantes
e venha para o Estado. A meu ver, essa linha de pensamento é só uma fuga para a
incompetência das nossas instituições. Um governo que assuma o papel de
homicida e traficante de drogas não pode ser a minha aspiração.
O tema é muito mais profundo, mas estas poucas linhas são
suficientes para colocar em sua consciência o peso da responsabilidade. Não
queremos um Brasil amaldiçoado pelo derramamento de sangue inocente, queremos?
Não queremos ser cúmplices de um “genocídio legal”, queremos? Você e eu,
entretanto, não somos mais ignorantes e nem seremos desculpáveis se nos
fizermos de ingênuos. Temos que escolher entre tornar-nos cúmplices de um
infanticídio sob a cobertura da lei ou resistirmos a esta abominação que tem
sequestrado a consciência das nações. Depois, cada um de nós responderá diante
do Criador e Justo Juiz pela escolha realizada… Pense bem!
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