Na caminhada da vida cristã, práticas espirituais como a
oração, leitura da Bíblia e comunhão são incentivadas, mas infelizmente, com o
passar do tempo, o jejum parece ter sido negligenciado quando o assunto é fé.
No entanto, ao examinarmos as Escrituras, descobrimos que o jejum é uma
disciplina espiritual valiosa que tem profundas raízes bíblicas.
O JEJUM NO ANTIGO TESTAMENTO
O jejum, conforme descrito no Antigo Testamento, era uma
prática comum em momentos de arrependimento, luto e busca intensa por Deus. Por
exemplo, o profeta Joel exorta em Joel 1:14:
“Santificai um jejum, convocai uma assembleia solene,
ajuntai os anciãos e todos os moradores da terra na casa do SENHOR, vosso Deus,
e clamai ao SENHOR.”
Esta passagem mostra que o jejum deve ser tratado de forma
séria, uma disciplina espiritual para buscar a orientação de Deus.
Os muitos exemplos de jejuns praticados na antiga aliança
são esclarecedores acerca da disciplina, porém não caracterizam um mandamento.
Os israelitas, nos dias do profeta Isaías, começaram a
questionar o porquê de Deus não se importar com os jejuns que eles faziam. A
resposta divina sentencia que estavam fazendo a coisa certa, porém, do jeito
errado (Isaías 58:1-14) — o Senhor, portanto, não falou contra o jejum, e sim
orientou seu povo a fazê-lo da forma correta. Isso revela que Deus esperava que
seu povo jejuasse e que o fizesse adequadamente. Ainda assim, não comunica uma
ideia de obrigatoriedade.
O JEJUM NO NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento, a prática do jejum é igualmente evidenciada.
Em Mateus 6:16-18, Jesus não apenas assume que seus seguidores jejuarão, mas
também oferece instruções sobre como fazê-lo de maneira apropriada:
”Quando vocês jejuarem, não fiquem com uma aparência triste,
como os hipócritas; porque desfiguram o rosto a fim de parecer aos outros que
estão jejuando. Em verdade lhes digo que eles já receberam a sua recompensa.
Mas você, quando jejuar, unja a cabeça e lave o rosto, a fim de não parecer aos
outros que você está jejuando, e sim ao seu Pai, em secreto. E o seu Pai, que
vê em secreto, lhe dará a recompensa.“
A prática do jejum nos primeiros dias da
igreja também é
destacada em Atos dos Apóstolos. Em Atos 13, enquanto os líderes da igreja de Antioquia adoravam e jejuavam, o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para uma obra missionária
específica, destacando o jejum como um meio pelo qual a igreja primitiva
buscava direção divina e consagração para tarefas importantes.
”Enquanto eles estavam adorando o Senhor e jejuando, o
Espírito Santo disse: — Separem-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os
tenho chamado. Então, jejuando e orando, e impondo as mãos sobre eles, os
despediram.“
Atos 13:2-3
Apesar de não haver uma ordenança explícita no Novo
Testamento que mande todos os cristãos jejuarem em determinados tempos ou de
maneira específica, a expectativa de que os seguidores de Cristo jejuarão é
clara. Jejuar é, portanto, visto menos como uma obrigação legalista e mais como
uma resposta natural à intimidade com Deus e ao desejo de dedicar-se plenamente
à Ele.
O JEJUM NOS DIAS DE HOJE
Enquanto a Bíblia pode não ordenar o jejum de maneira
prescritiva como faz com outros mandamentos, o jejum é claramente esperado como
uma prática dentro da vida cristã. Serve como uma expressão de humildade, dependência
de Deus e compromisso com a vida espiritual mais profunda. Portanto, embora não
seja mandatório, é certamente um chamado à ação espiritual que beneficia
profundamente aqueles que se entregam a ele com corações sinceros e motivos
puros.
Sabemos que o próprio Jesus praticou o jejum (Lucas 4:2), e
o livro de Atos mostra que os líderes da igreja também o faziam (Atos 13:2,3).
Registros históricos dos pais da igreja também revelam que o jejum continuou
sendo observado como prática dos crentes muito tempo depois dos apóstolos. O
jejum, portanto, não cessou. Ainda hoje e até que o Noivo venha, ele deve ser
parte de nossa vida, além de praticado de forma adequada, de acordo com o
ensino bíblico.
TEXTO BASEADO NO LIVRO “A
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