Urina de adolescentes que usam vape pode conter urânio e chumbo
Fonte: canaltech. Foto: Nery Zarate/Unsplash |
Uso de vape por adolescentes, de 13 a 17 anos, é associado
com potencial exposição a metais pesados, como chumbo e urânio, nos Estados
Unidos. Pelo menos é o que revelam os testes de urina destes jovens, em
pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade de Nebraska.
Quando os adolescentes usam vape com frequência têm 30% mais
chumbo e duas vezes mais urânio na urina do que os jovens que não utilizam
cigarros eletrônicos de forma regular. Apesar das variações nas concentrações
de chumbo e urânio, os níveis de cádmio não sofreram diferenças.
Independente dos níveis de metais pesados e da possível
forma de exposição, o consenso é que menores de 18 anos não devem usar cigarros
eletrônicos — no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso
em qualquer idade, já que impede a venda desses dispositivos.
Ligação entre vape, urânio e chumbo
Publicado na revista científica BMJ, o estudo analisou
os testes de urina de 200 adolescentes
norte-americanos que usam vape, também conhecido como pod ou e-cig. Com base em
questionários, os usuários foram divididos em três grupos:
- Uso
de vape ocasional: uma vez por dia ou menos;
- Uso
intermitente: oito vezes por dia;
- Uso
frequente: 27 vezes por dia.
Segundo os pesquisadores, “tanto os usuários intermitentes
quanto os usuários frequentes apresentaram níveis mais elevados de chumbo na
urina do que os usuários ocasionais”.
Além disso, “os usuários frequentes também apresentaram
níveis mais elevados de urânio na urina em comparação com os usuários
ocasionais”. Aqui, vale destacar que, se a preferência for por vapes com
sabores adocicados, o nível de urânio tende a ser ainda maior.
A pesquisa não estabelece uma relação causal entre o vape e
a presença de metais pesados. Em outras palavras, ela não comprova que o uso do
dispositivo provoca o aumento dos níveis de chumbo e urânio — a causa não foi
investigada. Por exemplo, exposições por urânio podem ocorrer através do
consumo de água ou alimentos contaminados, sendo que estes fatores não foram
checados.
Outro ponto que merece atenção é o fato de que não há um
grupo controle, que deveria ser composto por adolescentes que não usam vape. Isso
permitiria avaliar a diferença na urina entre usar (ou não). Mesmo assim, o
estudo revela caminhos futuros para a pesquisa, segundo especialistas.
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