Estudo mostra o Brasil entre os piores países em devolução dos impostos na forma de serviços à população
Fonte: Jornal da Globo Fonte: Reprodução |
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação realiza
um cálculo a fim de encontrar o que eles chamam de Índice de Retorno de Bem
Estar à Sociedade (IRBES). A equação inclui carga tributária, PIB e IDH. De
forma prática, o estudo avalia se os recursos arrecadados são usados de maneira
eficaz para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Entre os 30 países analisados,
o Brasil ficou em último lugar.
"Quando nós pensamos na aplicação desses recursos em
investimentos que venham melhorar a qualidade de vida da população como um
todo, a gente vê realmente muito pouco com relação a isso. Nós temos corte em
educação, corte em saúde, corte… cortes em muito do que é principal e essencial
para melhorar a qualidade de vida da nossa população", destaca o
presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, João Eloi.
A Irlanda, pelo quinto ano consecutivo, apresentou o melhor
índice de retorno ao bem-estar da sociedade. Na sequência, vêm Suíça,
Austrália, Estados Unidos e Coreia do Sul.
"Nós estamos na 12ª edição e entre os países de maior carga tributária, na qual o Brasil se inclui desde a primeira edição até agora, o Brasil é o último colocado. Ou seja, é o país que tem uma carga alta e um retorno muito ruim", afirma.
Estados brasileiros
Neste ano, pela primeira vez, o IBPT traz também uma análise
detalhada sobre o desempenho dos estados brasileiros. E a balança entre as
regiões do país mais uma vez é bem desequilibrada.
As cinco melhores unidades federativas são Distrito Federal,
São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. Lá embaixo, estão Bahia,
Maranhão, Alagoas, Rondônia e Amazonas.
"Dá para enxergar, com números, ninguém pode confrontar, que os estados bem melhores no retorno o desenvolvimento são os estados da região sul e sudeste. Por quê? Principalmente pela grande concentração da industrialização, comércio e prestação de serviço nesses estados", ressalta João Eloi.
A Constituição Federal de 88 define que 25% dos impostos
arrecadados por estados e municípios devem ser gastos em educação. 12% devem
ser gastos com saúde. Mas segundo o especialista em direito tributário, essa
conta já não faz sentido.
"Desde 88 pra cá houve um envelhecimento da
população... e o que isso significa? Há mais idosos para serem cuidados,
portanto, necessidade maior de orçamento para cuidar da saúde e há menos
pessoas jovens -- de maneira que há uma menor necessidade do que havia em 88
pra educação dessas crianças. Há uma inversão de valores, de modo que o
cobertor fica curto", ressalta o professor de direito tributário na FGV,
Eduardo Salusse.
A reforma tributária, segundo ele, pode mudar o cenário.
"Hoje, os impostos recolhidos ficam no estado ou no município de origem, onde ocorreu a produção ou a prestação de serviço. Com a reforma tributária, ele se deslocará para o destino. O que significa dizer que no local, no estado e no município onde o consumidor, eleitor, contribuinte reside é que a arrecadação vai ser dirigida. E assim sendo cabe a este cidadão exigir dos seus governantes uma boa gestão daquele dinheiro. Isso legitima, isso atribui cidadania fiscal à sociedade brasileira", afirma Salusse.
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