Pescadores pedem acesso ao crédito para melhorar condições sanitárias dos barcos
Fonte: Agência Gov Foto: Divulgação/MPA |
Na abertura do Grupo de Trabalho de Sanidade nas Embarcações
de Pesca (GTSEP), realizada na última semana de setembro, representantes dos
pescadores brasileiros informaram que sem financiamento bancário não
conseguirão aderir às novas regras higiênico-sanitárias propostas pelo Governo.
Essas regras consistem na adoção de boas práticas
higiênico-sanitárias a bordo, no desembarque do pescado em locais adequados, na
posse de um programa de autocontrole auditável, no armazenamento e manuseio
adequados do pescado a bordo, na manutenção de registros atualizados das
operações realizadas a bordo, na realização de análises microbiológicas
periódicas do pescado capturado e na capacitação dos tripulantes em boas
práticas higiênico-sanitárias e em medidas de prevenção da contaminação do
pescado.
Para implementá-las, muitos terão que adquirir equipamentos
e fazer reformas nos barcos, por isso precisarão de financiamento. A frota
pesqueira brasileira atualmente conta com 24.740 embarcações, segundo os dados
do Sistema de Registro Geral da Atividade Pesqueira (SisRGP). Desse montante,
92% são formados por barcos de pequeno porte, usados pelos pescadores
artesanais.
Pela falta de dados e de documentação, as instituições financeiras nacionais não tem muitas operações de financiamento junto setor pesqueiro, especialmente da pesca artesanal.
Se por um lado é verdade que a pesca artesanal tem pouco acesso ao crédito, por outro, o Brasil precisa melhorar as normas higiênico-sanitárias para disputar mercado com outros países. Este foi um dos principais motivos alegados pela União Europeia quando fechou o mercado aos pescados brasileiros, em 2018.
No GT, o que se discute são duas normas. A primeira é a Portaria n° 310/2020 , que estabelece critérios rigorosos de higiene e sanitização a bordo de embarcações pesqueiras de produção primária, que fornecem matéria-prima para o processamento industrial de produtos da pesca, tanto para o mercado interno quanto para o internacional. A outra é Portaria MPA n° 75/2023 , que define critérios específicos para as embarcações que desejam exportar seus produtos para a União Europeia.
“Foi só a primeira reunião, é natural que se ponham as dificuldades na mesa para trabalharmos sobre elas. O importante é que o Brasil está buscando aperfeiçoar suas normas e práticas higiênico-sanitárias para desenvolver toda a cadeia do pescado”, diz Helinton José Rocha, diretor do Departamento da Indústria do Pescado da Secretaria Nacional de Pesca Industrial.
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