Fonte: G1 Foto: Pavel Danilyuk |
O Ministério da Educação (MEC)
estabeleceu, na última segunda-feira (23), os critérios para analisar pedidos
administrativos de abertura e ampliação de cursos de medicina de instituições
privadas. São casos que já estavam em trâmite na Justiça antes de 4 de
outubro, quando foi publicado o primeiro
chamamento público após 5 anos de congelamento das vagas.
Mesmo para esses processos em andamento, serão seguidas as
regras previstas na Lei dos Mais Médicos, ou seja:
- só
poderão ser aprovados se previrem a abertura de cursos/vagas nos
municípios pré-selecionados pelo governo federal;
- deverão oferecer
contrapartidas para o Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade em
que pretendem se instalar, como investimentos na estrutura hospitalar;
- receberão
a análise in loco do MEC a respeito da
infraestrutura, do corpo docente e do acesso a serviços de saúde
indispensáveis para a formação do aluno.
Os pedidos que não seguirem os critérios acima serão
barrados pelo MEC.
A medida segue a determinação do ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), de 7 de agosto: todos os pedidos que já
tivessem ultrapassado a fase de análise documental (uma etapa inicial) deveriam
continuar tramitando na Justiça.
📈Contexto: Com
mensalidades altas (que chegam a R$ 12 mil), baixas taxas de evasão dos alunos
e uma importância estratégica no setor de educação, as graduações de medicina
tornaram-se uma “mina de ouro” para mantenedoras de ensino: no mercado,
estima-se que uma única vaga valha R$ 2 milhões.
Tamanha atratividade financeira levou a um "boom"
no surgimento de novos cursos no Brasil: em 2002, eram 113; em 2018, o número
já havia saltado para 322.
Três desafios surgiram a partir disso:
- garantir
qualidade de ensino aos estudantes de medicina;
- abrir
cursos em regiões com leitos disponíveis para alunos fazerem as aulas
práticas e a residência;
- e
tornar a distribuição de profissionais mais igualitária entre as regiões
-- evitando que só sejam abertos cursos em grandes cidades do Sudeste.
➡️O que já foi feito para
controlar esse aumento desenfreado de cursos e vagas?
Em 2014, a então presidente Dilma Rousseff decidiu, por meio
do programa Mais Médicos, levar as graduações de medicina para locais com
carências de profissionais de saúde no SUS. Por meio de chamamento público, o
governo anunciava em quais cidades deveriam ser abertas novas vagas. Havia
contrapartidas: as mantenedoras de ensino precisavam, por exemplo, direcionar
parte do faturamento para melhorias na rede pública do município.
Em 2018, na gestão de Michel Temer, todos os processos de
abertura de faculdades de medicina e de ampliação de vagas, inclusive no Mais
Médicos, foram "congelados" por 5 anos.
Essa "trava" terminou em abril de 2023.
➡️Quais os critérios do chamamento
público?
Com base em um estudo do Ministério da Saúde, foram
pré-selecionados 1.719 municípios que poderiam receber novos cursos e vagas de
medicina. Eles devem seguir os critérios abaixo:
- Ter
média inferior a 2,5 médicos por mil habitantes.
- Possuir
hospital com pelo menos 80 leitos.
- Demonstrar
capacidade para abrigar curso de medicina, em termos de disponibilidade de
leitos, com pelo menos 60 vagas.
- Não ser impactado pelo plano de expansão de cursos de medicina nas universidades federais.
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