Site pornô quer repassar verificação de idade para navegadores
Fonte: G1 Foto: Jayme Langford (pixabay) |
Os sites de pornografia Pornhub e YouPorn foram comprados há cerca de três meses por um fundo de investimentos do Canadá, o Ethical Capital Partners (ECP), e, logo no começo da nova gestão, os donos enfrentam problemas legais e projetos de lei que restringem o acesso à pornografia nos Estados Unidos e na França.
Em maio, os sites da empresa saíram do ar no estado de Utah,
nos Estados Unidos, depois de receberem a ordem de verificar a idade dos
usuários.
A empresa também enfrenta problemas legais no estado da
Louisiana.
Na França, proprietários de sites e reguladores estão em
negociações há meses sobre como aplicar, na prática, a verificação de idade
obrigatória. Isso está definido em uma lei de 2020. Dois dos sites da MindGeek
não implementaram nenhum tipo de verificação e podem ser proibidos no país
europeu. A decisão judicial é esperada para 7 de julho.
O ECP, o fundo de investimentos, na verdade comprou empresa
inteira que era dona dos sites de pornografia, a MindGeek.
O fundador do ECP, Solomon Friedman, afirmou que os governos
deveriam parar de combater os sites de pornografia e, em vez disso, se
orgulharem da expressão sexual e ajudarem a normalizar a pornografia, o que a
tornaria "chata", segundo ele.
O empresário faz uma comparação da pornografia com a
maconha. Ele diz que no Canadá, a legalização da droga a tornou
"chata" --ou seja, sem o apelo de perigo que o consumo de uma droga
ilegal tinha, a maconha perdeu parte da atratividade. "Pelo fato de (a
pornografia) ser para adultos, será 'chata', assim como a cannabis (legalizada)
no Canadá se tornou chata", disse ele.
A responsabilidade de checar a idade dos usuários
"Não queremos nenhum usuário menor de idade em nossos
websites", afirmou ele. Friedman rejeitou a ideia de que a
responsabilidade de checar a idade dos usuários deva recair sobre os sites e
pediu que os sistemas operacionais encontrem uma solução.
"Apoiamos firmemente as soluções de verificação de
idade que consigam duas coisas: proteger as crianças efetivamente e não expor
dados pessoais", afirmou.
"A única solução que alcança ambos esses objetivos é a
verificação baseada no dispositivo ou no navegador", disse. Para ele, isso
seria um "passo muito simples para o Google e a Apple".
Sites de pornografia na França
Na França, a questão tem tido destaque na agenda política
desde que o presidente Emmanuel Macron, em sua campanha pela reeleição no ano
passado, prometeu priorizar a proteção das crianças contra a pornografia.
O ministro francês da Transição Digital, Jean-Noel Barrot,
pediu para que a ECP a explique como vai agir para se manter dentro da lei.
Solomon não descarta a possibilidade de que seus sites
tenham que ser retirados do ar na França. Ele disse que entrou em contato com o
gabinete de Barrot e prometeu entregar um relatório. Ele afirma que sua empresa
está comprometida a "falar abertamente e orgulhosamente sobre a indústria
pornô".
Problemas com o conteúdo
A MindGeek se viu em apuros em 2020 quando o "New York
Times" publicou alegações de que seus sites continham material que
mostrava estupros e sexo com menores.
Depois da reportagem, reguladores de vários países começaram
a pressionar a empresa, e a as bandeiras de cartões Visa e a MasterCard pararam
de processar ordens de pagamentos nesses sites.
Os proprietários passaram dois anos tentando vender a
companhia, que tem sede no Canadá, mas tem uma estrutura corporativa em
diversos paraísos fiscais pelo mundo.
Agora, os novos donos - entre eles, dois advogados, um
ex-policial e um investidor italiano que fez fortuna com a venda legal de
cannabis - buscam afastar a empresa das denúncias.
Friedman disse que a MindGeek mudou completamente nos
últimos anos. Segundo ele, a empresa eliminou 8 milhões de vídeos em 2021 (essa
afirmação não foi verificada por fontes independentes).
"Um pedido de remoção de conteúdo automaticamente faz
com que esse conteúdo seja removido, revisamos o que é removido
posteriormente."
Além disso, os usuários que fazem upload na plataforma
precisam se identificar. Tudo é escaneado por algoritmos para filtrar material
protegido por direitos autorais e depois visto por funcionários, antes de ficar
disponível online.
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