Fonte: CNN Brasil Foto: ANI/Twitter |
As autoridades do estado de
Madhya Pradesh, no centro da Índia, demoliram a
casa de um homem depois que um vídeo que parecia mostrá-lo urinando em um
membro de uma comunidade tribal se tornou viral nas redes sociais esta semana.
Embora o incidente capturado no
vídeo supostamente tenha ocorrido há um ano, o homem, identificado pela polícia
como Pravesh Shukla, foi preso e acusado pelo ato obsceno. Ele pode ser multado
e preso por até dois anos, disse a polícia.
“Assim que soubemos deste vídeo
que se tornou viral, a polícia entrou em ação”, disse Priya Singh,
vice-superintendente de polícia do distrito de Sidhi, onde o incidente teria
ocorrido.
A polícia disse à CNN que
o governo do estado também ordenou que a casa de Shukla fosse demolida porque
foi “construída ilegalmente”. A mídia local mostrou a estrutura sendo demolida .
Esta não é a primeira vez que as
autoridades indianas demoliram a casa de alguém acusado de atividades
criminosas.
Após violentos confrontos entre
hindus e muçulmanos em abril de 2022, as autoridades de Madhya Pradesh demoliram
várias propriedades pertencentes a pessoas que eles disseram
serem “desordeiros” e “invasores”, alegando que as casas e lojas
foram construídas ilegalmente em terras públicas.
Apenas alguns meses depois, em
junho de 2022, autoridades do estado de Uttar Pradesh demoliram as casas de
várias pessoas acusadas de envolvimento em tumultos que protestavam contra
comentários anti-islâmicos feitos por dois membros do partido nacionalista
hindu Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi.
Em uma postagem no Twitter, o
governo de Madhya Pradesh disse que a vítima receberia 500.000 rúpias (cerca de
R$ 30 mil) em compensação e 150.000 rúpias (cerca de R$ 9 mil) para ajudá-lo a
construir uma casa.
O anúncio veio um dia depois que
o ministro-chefe de Madhya Pradesh, Shivraj Singh Chouhan, visitou a
vítima para se desculpar pelo que aconteceu com ela.
“Desde que vi o vídeo [deste]
incidente, meu coração está profundamente perturbado e cheio de dor”, tuitou
Chouhan.
A sociedade tribal representa
aproximadamente 8,6% da população da Índia, de acordo com a Agência dos Estados
Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
Embora os mais de 104 milhões de
indianos pertencentes a essas comunidades sejam reconhecidos pela constituição
do país como “tribos classificadas” protegidas, eles permanecem “entre os
grupos socioeconômicos mais marginalizados e desfavorecidos da Índia”, segundo
a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
Enquanto Chouhan pediu que Shukla
fosse punido severamente para dar o exemplo, políticos de partidos rivais
aproveitaram o incidente para criticar Chouhan e o BJP, do qual ele é membro.
Rahul Gandhi, um membro sênior do
principal partido de oposição da Índia, o Congresso, afirmou em um tweet que
“as atrocidades contra irmãos e irmãs tribais estão aumentando [sob] o governo
do BJP”.
Após sua visita à vítima, Chouhan
tuitou que “atrocidades contra qualquer pessoa não serão toleradas”.
“O respeito de cada cidadão do
estado é meu objetivo”, disse ele.
Membros do partido do Congresso
também alegaram que Shukla era assessor de um membro do BJP na assembleia
legislativa. Membros do BJP rejeitaram essa alegação.
O ex-ministro-chefe de Madhya Pradesh,
Kamal Nath, que também é membro do partido do Congresso, disse estar
“profundamente triste” com o incidente, acrescentando: “É de partir o coração
ver o vídeo de um líder do BJP urinando em um jovem tribal no distrito de
Sidhi.”
“Este incidente é um ataque à
identidade tribal”, disse Nath em um tuite. “O partido do Congresso apoia
completamente a sociedade tribal e continuará a fazer justiça a eles.”
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