ECONOMIA
Se toda história de inflação pede
um vilão, estamos diante de um dos mais cruéis: o ovo. Porque quando ataca
deixa os heróis e as heroínas do orçamento sem saída.
“Ovo é ovo. É extremamente
difícil você substituir ele por alguma coisa, porque ele é base pra receitas.
Como você vai fazer uma boa milanesa sem ovo? Como você vai fazer um bolo sem
um ovo?”, questiona a microempreendedora Scheila Feist.
Na média, o preço do ovo subiu 18,70%
nos últimos 12 meses, três vezes acima do IPCA-15, divulgado nesta terça-feira
(24). Na região metropolitana de Curitiba, o ovo virou extravagância - com alta
de quase 34%. Nesse caso, os produtores sabem dizer o que veio primeiro: não
foi o ovo.
Já faltam ovos nos Estados Unidos
e na Europa, onde uma onda de gripe aviária e a guerra na Ucrânia mudaram a
referência de preços. No interior de São Paulo, as granjas encolheram.
“Para a gente se manter vivo, o
que nós fizemos? Diminuímos o plantel para poder equilibrar a produção nacional
com o consumo e adequar os preços. Falta não tem. Não tem sobra, mas também
está bem equilibrado o mercado”, diz o avicultor Rômulo Tinoco.
E o brasileiro colhe inflação no
supermercado. Para pagar contas básicas como comida, se endivida no cartão de
crédito, atrasa as dívidas - o nível recorde de inadimplência mostra isso.
Sobra pouco ou nada para investir e as famílias que mais sentem são, de novo,
as mais pobres.
“Quando nós analisamos a inflação
de alimentos, essa inflação é a que mais penaliza as famílias de menor renda. E
quando nós analisamos os alimentos, o ovo, que é um item essencial, já
consumido por aquelas famílias que têm baixa renda, ele penaliza ainda mais. O
que significa? Menos dinheiro no final do mês para outras compras e acaba
apertando o orçamento de famílias que já sofreram muito desde o início da
pandemia”, explica Joelson Sampaio, professor de economia da FGV.
“Aumentou a carne em um preço, aí
pulou para o frango. O frango também aumentou, aí pulou para o ovo... Também
está caro. Então, a dona de casa tem que se virar nos 30”, diz a aposentada
Magali Lima Godoi.
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