terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Emoções positivas como gratidão são boas para a saúde do coração

SAÚDE

Fonte: EuAtleta-GE  Foto:  Istock Getty Images



Estamos chegando ao final de mais um ano, e nesse período, de maneira geral, afloram os sentimentos de gratidão, fraternidade e solidariedade. É uma comunhão entre famílias e amigos. Mas como isso pode interferir na nossa saúde cardiovascular? Trouxe para vocês alguns estudos que apontam que sentimentos e emoções positivas podem desencadear uma resposta fisiológica extremamente benéfica. Afinal, o estresse mental tem sido cada vez mais reconhecido como um fator de risco potencialmente modificável para o desenvolvimento, progressão e desencadeamento de doenças cardiovasculares, incluindo doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral, independentemente dos fatores de risco convencionais.

Num artigo publicado este ano no Journal of Clinical Medicine mostra-se que as expressões de gratidão, fraternidade e solidariedade desempenham um papel fundamental no fortalecimento dos relacionamentos, sugerindo que podem promover respostas adaptativas durante encontros familiares, equipes de trabalho e grupo de amigos.

Durante o estudo, as análises do débito cardíaco (DC) e da resistência periférica total (TPR) ajudaram a determinar como o débito cardíaco versus a constrição/dilatação vascular contribuíram para esses efeitos. A descoberta de que as expressões de gratidão promovem uma resposta biológica adaptativa ao estresse contribui para uma literatura crescente sobre as funções sociais das emoções positivas e da gratidão, especificamente. Porém, para entender melhor essas alterações positivas, vamos abordar o que o estresse mental pode nos gerar e como estar atento a isso pode fazer com que sejamos mais saudáveis.

O estudo, afinal, nos mostra que quando modificamos e melhoramos os fatores de risco convencionais, como hipertensão, diabetes, tabagismo, hipercolesterolemia e inatividade física, há uma redução na mortalidade cardiovascular. No entanto, aproximadamente um quarto dos infartos do miocárdio (com supradesnivelamento do segmento ST, um sinal de infarto no eletrocardiograma) ocorre na ausência de fator de risco cardiovascular convencional, apesar de um maior risco de mortalidade em comparação com pacientes com pelo menos um fator de risco.

Além disso, vários estudos identificaram alguns possíveis fatores de risco nutricionais, ambientais e psicossociais, diferentes dos fatores de risco convencionais, como baixo crescimento fetal, baixa estatura adulta, poluição do ar, microbioma intestinal e status socioeconômico que podem afetar o processo da doença.

O fator estresse

O estresse mental é a resposta cognitiva e emocional negativa do corpo às demandas ambientais que excedem a capacidade de enfrentamento de um indivíduo. Como resultado do estresse mental, o cérebro ativa alterações fisiológicas hemodinâmicas, neuroendócrinas e imunológicas por meio do sistema nervoso autônomo e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Na maioria dos casos, as alterações fisiológicas induzidas pelo estresse são adaptativas e fornecem aos indivíduos suporte para lidar com as mudanças no ambiente, condição conhecida como “reação de defesa” para preparar o indivíduo para lutar ou fugir. Portanto, o risco de um evento cardiovascular induzido por estresse mental depende de uma combinação de eventos externos e do limiar de um indivíduo para experimentar estresse, com base na genética e nas experiências iniciais e adultas. Isso explica as grandes diferenças na maneira como as pessoas respondem aos estressores.

O estresse mental induz também à disfunção endotelial, ou seja, do tecido que cobre os vasos através do aumento da atividade do sistema nervoso simpático, inibição da síntese de óxido nítrico pelo cortisol e aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias. Logo, há um aumento da inflamação sistêmica e ativação de um eixo neural-hematopoiético-arterial. Isso inclui a rede do tronco encefálico e das regiões subcorticais, ativação da medula óssea, liberação de leucócitos na circulação e sua migração para a parede arterial e placas ateroscleróticas.

A inflamação estéril de baixo grau está envolvida em todas as etapas da aterogênese, desde a formação da placa coronária até a desestabilização e ruptura. O aumento do tônus simpático pode causar proliferação de células musculares lisas arteriais, resultando em hipertrofia vascular, contribuindo assim para o desenvolvimento de hipertensão. Causam ainda instabilidade da repolarização cardíaca por estimulação nervosa autonômica cardíaca, que pode levar à repolarização assimétrica e à arritmia cardíaca.

Então, como metas para o próximo ano, não só no período natalino, devemos exercer a gratidão, solidariedade, fraternidade e tentar nos manter mais calmos - as estratégias para isso eu deixo com vocês.

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