SAÚDE
Fonte: EuAtleta-GE Foto: Istock Getty Images
Num artigo publicado este ano no
Journal of Clinical Medicine mostra-se que as expressões de gratidão,
fraternidade e solidariedade desempenham um papel fundamental no fortalecimento
dos relacionamentos, sugerindo que podem promover respostas adaptativas durante
encontros familiares, equipes de trabalho e grupo de amigos.
Durante o estudo, as análises do
débito cardíaco (DC) e da resistência periférica total (TPR) ajudaram a
determinar como o débito cardíaco versus a constrição/dilatação vascular
contribuíram para esses efeitos. A descoberta de que as expressões de gratidão
promovem uma resposta biológica adaptativa ao estresse contribui para uma
literatura crescente sobre as funções sociais das emoções positivas e da
gratidão, especificamente. Porém, para entender melhor essas alterações
positivas, vamos abordar o que o estresse mental pode nos gerar e como estar
atento a isso pode fazer com que sejamos mais saudáveis.
O estudo, afinal, nos mostra que
quando modificamos e melhoramos os fatores de risco convencionais, como
hipertensão, diabetes, tabagismo, hipercolesterolemia e inatividade física, há
uma redução na mortalidade cardiovascular. No entanto, aproximadamente um
quarto dos infartos do miocárdio (com supradesnivelamento do segmento ST, um
sinal de infarto no eletrocardiograma) ocorre na ausência de fator de risco
cardiovascular convencional, apesar de um maior risco de mortalidade em
comparação com pacientes com pelo menos um fator de risco.
Além disso, vários estudos
identificaram alguns possíveis fatores de risco nutricionais, ambientais e psicossociais,
diferentes dos fatores de risco convencionais, como baixo crescimento fetal,
baixa estatura adulta, poluição do ar, microbioma intestinal e status
socioeconômico que podem afetar o processo da doença.
O fator estresse
O estresse mental é a resposta
cognitiva e emocional negativa do corpo às demandas ambientais que excedem a
capacidade de enfrentamento de um indivíduo. Como resultado do estresse mental,
o cérebro ativa alterações fisiológicas hemodinâmicas, neuroendócrinas e
imunológicas por meio do sistema nervoso autônomo e do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal.
Na maioria dos casos, as
alterações fisiológicas induzidas pelo estresse são adaptativas e fornecem aos
indivíduos suporte para lidar com as mudanças no ambiente, condição conhecida como
“reação de defesa” para preparar o indivíduo para lutar ou fugir. Portanto, o
risco de um evento cardiovascular induzido por estresse mental depende de uma
combinação de eventos externos e do limiar de um indivíduo para experimentar
estresse, com base na genética e nas experiências iniciais e adultas. Isso
explica as grandes diferenças na maneira como as pessoas respondem aos
estressores.
O estresse mental induz também à
disfunção endotelial, ou seja, do tecido que cobre os vasos através do aumento
da atividade do sistema nervoso simpático, inibição da síntese de óxido nítrico
pelo cortisol e aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias. Logo, há um
aumento da inflamação sistêmica e ativação de um eixo
neural-hematopoiético-arterial. Isso inclui a rede do tronco encefálico e das
regiões subcorticais, ativação da medula óssea, liberação de leucócitos na
circulação e sua migração para a parede arterial e placas ateroscleróticas.
A inflamação estéril de baixo
grau está envolvida em todas as etapas da aterogênese, desde a formação da
placa coronária até a desestabilização e ruptura. O aumento do tônus simpático
pode causar proliferação de células musculares lisas arteriais, resultando em
hipertrofia vascular, contribuindo assim para o desenvolvimento de hipertensão.
Causam ainda instabilidade da repolarização cardíaca por estimulação nervosa
autonômica cardíaca, que pode levar à repolarização assimétrica e à arritmia
cardíaca.
Então, como metas para o próximo
ano, não só no período natalino, devemos exercer a gratidão, solidariedade,
fraternidade e tentar nos manter mais calmos - as estratégias para isso eu
deixo com vocês.
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