BRASIL
Fonte: Metrópoles Foto:Arthur Menenescal
A vitória de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) nas eleições provocou apreensão em atiradores e donos de clubes de
tiros, com a promessa da revogação dos decretos de Jair Bolsonaro (PL) que
facilitaram a compra de armas de fogo no país.
Cotado para ser ministro da
Justiça, o senador eleito Flávio Dino (PSB) disse ao Metrópoles que, além do
fim dos decretos pró-armas, a eventual derrubada das normas deverá implicar a
retirada de circulação dos armamentos que passarão a ser ilegais. Dino sugeriu
que o novo governo pode oferecer algum “crédito tributário” para quem devolver
um revólver, uma pistola ou carabina.
Hoje em dia, por exemplo, um
Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) tem autorização para ter 60 armas, sendo
30 de calibre permitido e 30 de calibre restrito. Com a queda dos decretos, o
número total cairia para 10 por pessoa.
No governo Bolsonaro, CACs podem
andar com armas de cano curto caso estejam a caminho de clubes de tiro. Com a
derrubada da legislação bolsonarista, esse chamado “porte em trânsito” teria
fim.
O número de brasileiros com registro
de CAC aumentou 472,6% nos últimos quatro anos, de acordo com o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública. A quantidade de registros de clubes de tiros
saltou de 163, em 2018, para 348, em 2021, um aumento de 113%, como mostrou a
coluna do Rodrigo Rangel em reportagem de setembro.
Venda simplificada
“Virou uma corrida armamentista
louca agora. O povo está estocando munição, enchendo o paiol”, relata Leder
Pinheiro, dono de um estande de tiro em Goiânia (GO).
Em aplicativos de mensagem, há um
fluxo de vendedores informais. A venda é feita de CAC para CAC. Nesse tipo de
transação, o pagamento é realizado por Pix e a arma é transferida no prazo de
15 dias. O tempo para comprar um armamento novo é mais demorado.
“Está todo mundo correndo atrás –
quem já tem CR (permissão) – para comprar arma direto de CAC. Se comprar arma
do zero, eu creio que não dá mais tempo”, diz um morador do Distrito Federal
ouvido pela reportagem, que tentava vender uma pistola 9 mm pelo WhatsApp.
O empresário Weber Melo, que é
atirador desportivo na categoria tiro de precisão, também disse ter percebido
essa corrida. “A população sentiu-se ameaçada de ter cerceado o direito à
compra de uma arma de fogo”, explica.
Sergio Bitencourt, presidente da
Confederação Brasileira de Tiro Defensivo e Caça (IDCS), declarou que os
armamentistas estão apreensivos com a mudança de governo. “Tem gente que está
comprando mais munição para ter estoque. Tem outros que falam: ‘não vou comprar
nada enquanto não tiver definição’.”
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