Sob governo Bolsonaro, Brasil está de volta ao mapa da fome
BRASIL
Fonte: JN Foto: Agência Brasil
Sem emprego, sem perspectiva e,
muitas vezes, com fome. “De manhã, não tem café da manhã, tem nada para eles.
Hoje ela ganhou um biscoito e está feliz. Ela está feliz aqui, porque é
doação”, conta a desempregada Carla Cristina de Almeida dos Santos.
Carla não conseguiu mais trabalho
como faxineira depois que engravidou. Hoje, vende o pouco que tem para
completar o cardápio.
“Feijão, arroz e a salsicha, que
eu vendi meu fogão para eles comerem. Vendi o fogão velho para comprar salsicha
para eles. Ganhei R$ 14”, diz.
Os números das Nações Unidas
mostram que não ter comida todos os dias na mesa é um problema que afeta gente
no mundo todo. No ano passado, 828 milhões de habitantes do planeta passaram
fome. Pelo levantamento, o Brasil está pior do que a média global. A
porcentagem de pessoas em insegurança alimentar moderada e grave é mais alta
aqui.
São 61 milhões de brasileiros que enfrentaram dificuldades para se alimentar entre 2019 e 2021; 15 milhões deles passaram fome. A pesquisa faz uma média do que aconteceu durante três anos. Entre 2014 e 2016 eram menos de 4 milhões em insegurança alimentar grave.
Na avaliação de Daniel Balaban,
diretor do Programa de Alimentos da ONU no Brasil, a situação começou a piorar
muito antes da pandemia.
Com o levantamento, a FAO, a
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, voltou a divulgar
o Mapa da Fome, o que não fazia desde 2015. Naquele ano, o Brasil tinha
conseguido sair dessa classificação, que representa uma situação grave. Mas
pelos números divulgados agora, desde 2018, o país está de volta ao Mapa da
Fome.
Um país entra no Mapa da Fome da
FAO quando mais de 2,5% da população enfrentam falta crônica de alimentos. E a
fome crônica no Brasil atingiu agora 4,1%.
O representante da FAO no Brasil,
Rafael Zavala, diz que é preciso que o governo invista em políticas que tragam
soluções permanentes no combate à fome.
“A fome é uma tarefa de todos, mas também temos que gerar um esquema de diminuir riscos. Como? Se as políticas públicas estão dirigidas a fomentar a criação de empregos remunerados que gerem renda para as famílias, uma grande tarefa é investir para criar empregos e gerar estabilidade econômica na sociedade”.
Uma organização não governamental
distribui comida a quem não tem. Osmar Nascimento dos Santos é auxiliar de
cozinha e quis trabalhar para ajudar quem passa, hoje, pelo que ele viveu a
infância toda. Mas sabe que só com solidariedade não resolve o problema da fome
no Brasil.
“Dói passar por isso. Ter
passado, né? E, por mais que eu ajude bastante pessoas aqui, a gente vê esse
número, a gente sente aquela dor lá. Para o nosso país, eu acho que é preciso
olhar com um olhar mais atencioso para esse lado. Ninguém deveria passar fome,
de forma alguma”, diz Osmar.
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