Militares procuram STF para repudiar ataques de Bolsonaro às urnas
ELEIÇÕES
Fonte: G1 Foto:Roque de Sá/Agência Senado
Insatisfeitos com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, militares do Alto Comando do Exército entraram em contato com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para informar que não endossam as tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas.
Ataques às urnas têm partido do
presidente Jair Bolsonaro e encontrado eco na postura de Nogueira à frente do
ministério. O próprio Bolsonaro já disse que não tem provas, suas acusações já
foram desmentidas, mas ele mantém a estratégia de tentar descredibilizar as
urnas e o sistema eleitoral.
Segundo militares da ativa,
Bolsonaro ultrapassou todos os limites ao reunir embaixadores sediados em
Brasília para fazer ataques contra ministros do STF e contra o processo que
rege as eleições do país, na segunda-feira (18). Na avaliação desses militares,
o encontro serviu para desgastar ainda mais a imagem do Brasil no exterior.
Presente à reunião com
embaixadores, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, hoje é visto por
seus colegas da ativa do Exército mais como um “político” do que como um
militar.
General de quatro estrelas,
Nogueira era classificado dentro do Exército como um militar “sensato”, mas que
acabou mudando de postura ao assumir o ministério.
A decisão dos militares de
mostrar que não estão alinhados ao discurso presidencial, num momento em que
Bolsonaro subiu ainda mais o tom, foi bem recebida dentro do STF e no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE).
O presidente da República pode acabar
ficando isolado em sua estratégia política, restando a ele se apoiar no
restrito grupo de apoiadores de primeira hora e nos militares da reserva que
levou para dentro do governo.
Outro baque para Bolsonaro foi a
nota da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, divulgada nesta terça-feira
(19). A embaixada elogiou as urnas eletrônicas e afirmou que o sistema
eleitoral brasileiro é um modelo para o mundo.
A manifestação foi citada por
aliados de Bolsonaro no Centrão como uma prova do erro político do presidente
em realizar o encontro com embaixadores. Apoiadores de Bolsonaro eram contra
essa iniciativa. A embaixada americana foi uma das que participaram da reunião.
Segundo assessores, a repercussão
do encontro foi muito negativa, não só no mundo político, mas também nas redes
sociais, um terreno em que o bolsonarismo tem forte atuação.
Ou seja, segundo eles, o
presidente acabou sofrendo mais desgastes ao decidir fazer novos ataques às
urnas eletrônicas para representantes da comunidade internacional.
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