Economia| Agronegócio bate recorde de exportações em 2021
Apesar dos impactos em decorrência da pandemia da Covid-19,
o agronegócio brasileiro bateu recorde de exportações em 2021, com receita de
US$ 110,7 bilhões até novembro deste ano. Foi o melhor desempenho do setor,
superando inclusive o recorde anterior registrado em 2018, de U$$ 101,2
bilhões.
Os dados fazem parte do relatório divulgado, nesta
quarta-feira (8), pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária).
Durante coletiva online, a confederação apresentou ainda o balanço de 2021 e as
perspectivas para o próximo ano.
Em 2021, o Brasil exportou para mais de 120 países, sendo
que China, Estados Unidos, União Europeia, Tailândia e Japão foram responsáveis
por 63% do total das exportações do agro brasileiro. A soja foi o produto mais
procurado, especialmente pela China. Maior comprador do Brasil, a China
diversificou neste ano e adquiriu outros produtos além da soja, como é o caso
do algodão.
“O que percebemos é que a China ainda compra muito mais em
valor do que em quantidade de produtos. Vamos mudar isso ampliando as nossas
ações. Estamos buscando parcerias dentro daquele país e investimento em
e-commerce, um dos canais mais fortes de compra por lá”, explicou a diretora de
Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra.
Apesar das restrições impostas pela China em relação à
compra de carne bovina devido à doença conhecida popularmente como "mal da
vaca louca", a exportação da proteína cresceu.
"Não foi um problema sanitário, pelo contrário.
Entendemos que houve uma jogada de mercado. De uma hora para outra, eles
deixaram de comprar a carne brasileira. Apesar disso, não reduzimos a
quantidade da nossa exportação em termos de dólares, principamente porque
estamos diversificando a venda para outros países", disse o presidente da
CNA, João Martins.
A CNA adiantou a sinalização da Rússia, que já foi um dos
maiores compradores do Brasil, de que vai retomar a compra de carne bovina
brasileira.
A previsão para 2022 é uma safra de grãos recorde, com 289
milhões de toneladas, o que representa 14% mais que a safra deste ano. No
entanto, o custo de produção deve ser um dos mais altos da história em razão do
cenário de permanência de alta dos custos com os insumos.
Neste ano, o produtor rural já teve que conviver com o
aumento de mais de 100% nos custos com fertilizantes e defensivos para soja e
milho, tendência que deve se manter no próximo ano.
"Tivemos muitos problemas neste ano como alta da energia, do combustível, transporte e custos dos ingredientes de produção, entre outros fatores. O importante é que o brasileiro entenda que não existe um processo especulativo por parte do produtor. Quem determina o preço é o mercado", ressalta o presidente da CNA, João Martins.
Nesse contexto, ainda de acordo com a CNA, alguns fatores devem determinar o comportamento da safra 2021/2022 e ser acompanhados de perto no próximo ano: a questão da logística, o abastecimento de insumos, especialmente os problemas de importação da matéria-prima dos fertilizantes, e o fenômeno climático La Niña.
Apesar desses desafios, a expectativa para o próximo ano é
de crescimento em ritmo menor do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio,
entre 3% e 5% em relação ao deste ano, segundo a CNA e o Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em 2021, o PIB do agronegócio deve
fechar o ano com expansão de 9,37% em relação ao de 2020.
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