Educação| A um mês do Enem, professores falam sobre uso de redes sociais
Agência Brasil. © Shutterstock
Ao som de gritos, a professora de
história Natasha Piedras entra correndo em um quarto. Acima da cena, aparece a
legenda: “Dom João VI fugindo de Portugal”. Logo em seguida, a professora
aparece novamente entrando pela mesma porta, agora com um chapéu preto e uma
vareta simulando uma espada, com a legenda: “Napoleão Bonaparte”. Em um vídeo
de cinco segundos, Natasha fala sobre a vinda da família real portuguesa para o
Brasil em 1808, em meio à ameaça do imperador francês de invadir o reino de
Portugal.
“Um mês para o exame, a gente diz
que é a reta final. Um momento de foco total. A internet pode ser uma aliada,
claro, mas não é o momento de ficar horas nas redes sociais. Embora a internet
ajude, ela pode ser uma distração. É bom focar nas aulas e ter a internet como
algo complementar”, diz Natasha, que é professora do Descomplica, ambiente
virtual que oferece cursos preparatórios para o Enem.
As aulas, segundo a professora,
são importantes, até mesmo para que o estudante entenda as piadas nas redes.
“Quando estou pensando para o Tik Tok um vídeo sobre processo de Independência
do Brasil, claro que quero que o aluno tire daquele vídeo alguma coisa mas,
para isso, ele precisa de um conhecimento prévio sobre a Independência, precisa
ter assistido uma aula sobre o assunto. Assistiu a aula, entendeu minimamente o
assunto, um vídeozinho desse no Tiktok vai fazer com que ele, de repente,
absorva um pouco mais, mas de maneira leve”.
O Brasil está entre os países que
mais usam redes sociais no mundo, ocupando o terceiro lugar no ranking, depois
das Filipinas e da Colômbia. Os usuários brasileiros passam, em média, 3 horas
e 42 minutos nas redes sociais por dia - tempo acima da média mundial de 2
horas e 25 minutos.
“Não é um fenômeno de agora, mas
com a pandemia o uso das redes sociais foi potencializado por causa desse
período remoto, que fez com que muitos alunos, que não tinham o hábito de
navegar na rede passassem a buscar mais informações e a acessar mais. Os
professores que antes não postavam passaram a postar”, diz o professor de
química dos colégios Santo Agostinho e São Bento, no Rio de Janeiro, e também
criador do canal Química Nota Dez, Silvio Predis.
Mais conteúdo na rede exige, no entanto, mais cuidado. Segundo o professor, é preciso buscar informações sobre quem está divulgando esse conteúdo, se é algum professor, se tem boa formação e, se possível, perguntar na escola ou no cursinho, a professores de confiança, se determinado perfil é indicado. "Há conteúdos com uma qualidade muito alta e conteúdos com vários erros”, diz.
As redes sociais ajudaram a professora de redação e fundadora do Marka Texto Redação e Linguagens, Letícia Lima, a chegar a diversas partes do Brasil. Os vídeos que posta no Instagram e Tiktok, com dicas para a redação do Enem, correção de provas e mesmo com erros cometidos pelos estudantes, têm centenas de milhares de reproduções e curtidas.“Para segurar o jovem hoje em dia
tem que ser rápido. Tudo é distração para eles. Tem que ter humor, estar
antenado com memes, com o que está em alta, o que é engraçado. A gente se
baseia muito nisso”, afirma.
Porém, além de divertir e
informar, as redes sociais podem também ser ambientes muito tóxicos, de acordo
com a professora. “Existem muitos perfis que projetam uma ideia de rotina de
estudo que é impraticável e inalcançável. Essa comparação [com outras pessoas]
pode minar a saúde mental do estudante”, diz. Ela aconselha os alunos a
focarem, nesta reta final, na resolução de questões de provas anteriores, na
revisão de conteúdos. A familiaridade com a prova, segundo ela, conta muito no
Enem.
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