A BrasilAgro anunciou a venda de 3.723 hectares da Fazenda Alto Taquari, de um total de
5.031 hectares no município homônimo de Mato Grosso, por R$ 589 milhões. Da
área total, 2.694 hectares são úteis para atividade agrícola. “Foi a maior
negociação da história da companhia”, disse o CEO da BrasilAgro, André
Guillaumon, em entrevista a jornalistas. A quantia supera, em valores não
corrigidos, a captada por meio do IPO realizado em 2006, de R$ 582 milhões.
“Esta não é a maior área já
vendida pela companhia, mas é a maior venda em valor imobiliário. Somos uma
empresa que opera mais de 180 mil hectares e que está vendendo 2,7 mil
(hectares de área útil), a serem entregues de forma fracionada. Então, apesar
de a venda ter sido feita por um montante grande, o impacto no resultado
operacional (referente à produção agrícola) é muito pequeno, porque a área é
pequena”.
Segundo o executivo, a diferença
de mais de R$ 280 milhões entre a projeção independente e o valor de venda se
explica por vários fatores. A avaliação de mercado se baseia em uma média do
valor dos negócios na região em determinado período e considera pagamento à
vista – não a prazo, como citado no acordo informado nesta quinta-feira. O fato
de a propriedade ter toda a documentação regularizada também é algo raro e
valorizado por compradores, segundo o executivo. “O preço também foi
potencializado pela alta recente da soja”, afirmou.
Antes da venda da Fazenda Alto
Taquari, a empresa já havia negociado, em valor de sacas de soja por hectare
útil, outras três partes da propriedade nos últimos três anos, de 103 (2018),
85 (2019) e 105 hectares (2020), também por valor correspondente a 1,100 mil
sacas de soja por hectare.
“A negociação desta área da Alto
Taquari reforça a expertise da BrasilAgro na gestão combinada do imobiliário e
da produção de alimentos com responsabilidade e sustentabilidade, já que os
investimentos feitos nos últimos anos levaram a uma valorização da terra,
permitindo uma venda acima do valor de avaliação e com uma TIR (Taxa Interna de
Retorno) esperada de 19,9%”, destacou Guillaumon.
O comprador da área, um produtor rural, já realizou o pagamento da primeira parcela, de R$ 16,5 milhões, e ainda este ano pagará outros R$ 31,4 milhões. O saldo remanescente é indexado em sacas de soja com pagamentos anuais. Com a negociação, todas as áreas de chapada da Fazenda Alto Taquari foram vendidas, permanecendo no portfólio da empresa 1.308 mil hectares, 809 úteis, que estão produzindo cana-de-açúcar. De acordo com a empresa, a área remanescente possui características de solo e altitude diferentes.
Em julho, o portfólio de fazendas
da companhia valia R$ 3,4 bilhões. “Demos início à empresa em 2006 com um
cheque de R$ 580 milhões (referente ao IPO), em parte utilizado para comprar a
fazenda Alto Taquari. Agora temos mais de R$ 1,5 bilhão em fazendas vendidas,
um portfólio de R$ 3,4 bilhões e já pagamos R$ 500 milhões em dividendos a
acionistas”, enfatizou o diretor Administrativo e de Relações com Investidores,
Gustavo Lopez.
O executivo comentou ainda que o
lucro imobiliário do exercício atual (2022, equivalente à safra 2021/22) “está
garantido”. “O resultado operacional começou (a ser trabalhado) agora. A
recorrência de resultados operacionais no próximo ano deve ser muito positiva
pelos preços de commodities. Se somar o exercício anterior operacional com esse
imobiliário, a companhia deve vir neste ano com maior faturamento e resultado
de sua história”, afirmou.
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