Política| PSDB, PSD, SD e MDB já cogitam impeachment de Bolsonaro
Terra com Estadão Conteúdo.Foto: Danilo M Yoshioka/ / Futura Press
Os ataques do presidente Jair
Bolsonaro nas manifestações de 7 de Setembro mobilizaram PSDB, PSD, Solidariedade
e MDB a discutirem um apoio ao impeachment do chefe do Executivo.
Os tucanos marcaram uma reunião
já para esta quarta-feira, 8. O movimento chama atenção porque é a primeira vez
que a executiva do PSDB é convocada para discutir o tema. Integrantes do partido
dizem que é preciso interditar os avanços antidemocráticos de Bolsonaro antes
que seja tarde demais. Além disso, os atos de Bolsonaro fizeram a discussão
ganhar força para além das legendas de oposição.
O aumento do tom de Bolsonaro, no
entanto, provocou pressão por uma resposta mais dura no Legislativo. Além
disso, segundo eles, o número de apoiadores nas ruas não foi pequeno, mas é
menor do que aliados de Bolsonaro esperavam.
O presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), a quem cabe decidir sobre o andamento dos pedidos de impeachment,
afirmou a interlocutores que iria ouvir os partidos sobre o tema. Em sua
gaveta, há 124 pedidos de cassação do mandato de Bolsonaro, mas líderes
partidários acreditam que Lira deve continuar alinhado ao presidente.
No PSDB, é a primeira vez que a
executiva é convocada para discutir o tema. Integrantes do partido dizem que é
preciso interditar os avanços antidemocráticos de Bolsonaro antes que seja
tarde demais. Os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), concorrentes
entre si pela vaga de presidenciável do partido em 2022, declararam-se
favoráveis ao processo de impedimento.
"Defendo a abertura do
processo de impeachment por entender que até as eleições estão ameaçadas. Ontem
foi o 7 de Setembro, amanhã é o Conselho da República e depois?", disse o
ex-deputado Antonio Imbassahy. "O PSDB finalmente resolveu mostrar a cara.
Precisa começar a discutir os temas que importam", complementou o deputado
Danilo Forte (PSDB-CE).
O PSD de Gilberto Kassab formará
uma comissão para acompanhar os desdobramentos das manifestações do governo
neste 7 de setembro e avaliar as reações às ameaças realizadas ao Estado
democrático.
"A cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está acompanhando essa situação com muita atenção. Temos avaliações de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifestações, seriam razões suficientes para justificar o processo (de impeachment)", disse Kassab em nota. "Tivemos hoje a temperatura mais elevada, manifestações muito duras, acima do tom. Começam a surgir indicativos importantes, que podem justificar o impeachment. A fala de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é muito preocupante."
O Solidariedade deve encaminhar
na próxima semana uma decisão para assinar um pedido de impeachment contra
Bolsonaro na Câmara. Ao Broadcast Político, o presidente da sigla, deputado
Paulinho da Força (SP), revelou que a estratégia é "aumentar a pressão
para cima do Arthur Lira".
O presidente do MDB, deputado
Baleia Rossi (SP), se manifestou nas redes sociais e também sugeriu uma
resposta mais dura contra Bolsonaro, sem citar diretamente um pedido de
impeachment. "São inaceitáveis os ataques a qualquer um dos poderes
constituídos. Sempre defendo a harmonia e o diálogo. Contudo, não podemos
fechar os olhos para quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios
contra tais ataques" escreveu o dirigente da sigla.
Ao Estadão, o ex-ministro Carlos
Marun, um dos integrantes da executiva do MDB, afirmou que a discussão dependerá
do clima na bancada e nas ruas. "Não podemos simplesmente avançar em um
pedido de impeachment para jogar para a torcida. Deveríamos estabelecer desde
já uma coalizão, um grupo de partidos para estar junto em uma terceira via.
Estamos perdendo o momento de fazer essa definição", afirmou Marun.
O presidente do Cidadania,
Roberto Freire, reforçou em mensagem ao grupo de WhatsApp do partido que a
sigla já aprovou a defesa do impeachment. "Outros partidos e atores
políticos estão começando a enxergar igual caminho, mesmo os que sempre tiveram
dificuldades de entender o processo em momentos como esse. Sabemos qual é o
desenlace que queremos para o país. É preciso que a bancada na Câmara dos
Deputados se integre a esse esforço", escreveu.
Um dos fatores que pode colocar
deputados contra Bolsonaro, na avaliação de caciques partidários, é a
manifestação do próximo dia 12, que tem o impeachment na pauta e foi convocada
por movimentos ligados ao centro político.
Monitoramento das redes sociais
feito pela AP Exata mostra que Bolsonaro perdeu com os atos desta terça-feira.
Foram 63% de menções negativas e 37% positivas. As hashtags contrárias ao
governo se sobressaíram somando 52,4%, as a favor somaram 24%. Às 18h27 desta
terça-feira, 7, das cinco hashtags mais comentadas, três eram contrárias ao
governo: #ForaBolsonaro, #BolsonaroAcabou e #ImpeachmentBolsonaroUrgente.
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