Agro| Milho: seca e geada podem reduzir produtividade em 50% em Alto Taquari (MT)
O estresse hídrico prolongado e
geada histórica prejudica o desenvolvimento do milho em Alto Taquari, região
sul de Mato Grosso. Com mais da metade da colheita da área finalizada, as
perdas estimadas de produtividade final da safra no município podem chegar aos
50%. Esse cenário deixa o setor produtivo apreensivo em relação as entregas dos
contratos antecipados do cereal.
O ano safra do produtor Elber
Henrique Irgang na propriedade em Alto Taquari é de dificuldade, com
transtornos e perdas significativas decorrentes ao clima adverso nas lavouras.
Primeiro foi a chuva de granizo nos 2 mil hectares de soja que teve parte da
área replantada. Além dos prejuízos, atraso na janela do cultivo dos 1350
hectares de milho segunda safra, cultura que, segundo o agricultor também foi
bastante castigada durante todo o desenvolvimento do ciclo.
Com mais da metade dos milharais
colhidos no município, a estimativa do sindicato rural é de queda significativa
na produtividade final da safra.
“Com a estiagem, nós calculamos
35% de quebra, e com a geada estamos calculando em torno de 10% a 15%, então se
pegar a safra total de Alto Taquari uns 50% da produção estimada de 140 sacas
por hectare, nós devemos fechar a média do município em torno de 70,75 sacas”,
estima o presidente do sindicato rural de Alto Taquari, Douglas Junior
Turcheti.
A projeção de produtividade menor
cria um cenário que causa dúvidas e preocupação em relação as entregas dos
contratos antecipados do cereal no município.
“Como a gente tem aqui também um déficit de armazenagem, muitos produtores têm que comercializar de forma antecipada esse produto Estimamos que o município tenha vendido até 70% desse milho a um preço médio de R$ 35 reais. Com isso a gente sabe que não vai ter rentabilidade e saldo para quitar as contas e ainda vai ter que ficar devendo para as tradings o não cumprimento desses contratos, cada uma de maneira individual tem procurado os seus fornecedores, procurado seus compradores as tradings para tentar ver qual a melhor maneira de resolver esse assunto”, diz Douglas Junior Turcheti.
“Problema não é de preço e sim de
produção. Infelizmente o Mato Grosso tem experimentado em algumas safras uma
instabilidade de produção e nós entendemos que a parceria ela é vista nas
adversidades, porque ser parceiro nas horas boas todo mundo é, então precisamos
que a parceria entre empresas e produtores ela também aconteça nas horas ruins.
Por isso pedimos a compreensão das empresas, a grande maioria de todos nós
produtores somos cumpridor dos contratos, e no ano de adversidade é um ano de
se ajudar”, ressalta o presidente da Aprosoja MT, Fernando Cadore.
“O que a gente está vendo é que
se eu devo, tenho que pagar. O pior de tudo é que as tradings estão pegando
esse milho comprado por ela para exportar e estão colocando no mercado interno.
Com isso elas estão prejudicando mais ainda o produtor, porque quem conseguir
cumprir os contratos e sobrar um pouquinho de milho vai precisar vender a um
preço maior para cobrir os custos de produção. No entanto, esse preço maior
está ficando cada vez menor agora porque as tradings estão jogando todo o milho
que era para ser exportado no mercado interno”, relata o produtor Elber
Henrique Irgang.
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