Brasil| MT é o 2º estado do país com maior taxa de mortalidade por Covid-19
G1MT|Foto: ROBERTO SUNGI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
A taxa de mortes por Covid-19 a
cada 100 mil habitantes em Mato Grosso é a segunda maior do país. Os dados são
de um levantamento feito pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), que aponta
os índices de casos e mortes proporcionalmente ao número de habitantes.
O levantamento também aponta que
Mato Grosso está em segundo lugar no maior índice de mortes no interior do
estado. Nas últimas semanas, os hospitais que atendem só Covid vêm enfrentando
aumento da ocupação nos leitos de UTI. Segundo os médicos, a maioria é de
jovens entre 30 e 45 anos.
Mato Grosso registra, até a tarde
desta terça-feira (8), 11.252 mortes em decorrência da Covid-19, conforme dados
da SES.
Ainda de acordo com a secretaria,
o número de mortes é de 317,61 para cada 100 mil habitantes e a taxa de óbitos
para cada 1 mil habitantes é de 2,65%.
Para o pesquisador da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Diego Xavier, a taxa de mortalidade devido à Covid-19
em Mato Grosso é lamentável e superior à taxa registrada no Amazonas.
“A alta taxa de mortalidade em
Mato grosso é extramente lamentável. O estado no qual eu cresci, onde eu tenho
família, teria todas as condições de não acumular esse volume de óbitos em
relação a sua população, superior ao observado no estado do Amazonas. É muito
triste ver essa situação”, afirmou.
Ainda segundo ele, as condições econômicas de Mato Grosso deveriam ser utilizadas para fornecer atendimento médico à população. Ele também destaca que a taxa de mortalidade é maior em pessoas mais jovens no estado.
“É um estado que se orgulha pela sua produção agrícola, que tem PIB elevado, que tem plenas condições de fornecer pra sua população atendimento e acesso à saúde com qualidade. Então, quando a gente olha o estado do Mato grosso nessa situação, com taxa de mortalidade superior ao do Amazonas e de vários outros estados que tem um componente demográfico, uma população mais idosa, que a gente sabe que é uma população que evolui de forma mais grave com essa doença, e mesmo assim a gente vê o estado do Mato Grosso nessa situação, é muito triste”, disse o pesquisador.
Para Diego, o estado infelizmente
acreditou em soluções simples para o problema.
“O governador do estado
distribuiu o kit-covid para todos os 141 municípios, continuou acreditando que
o problema não tinha toda essa gravidade, e hoje quando a gente olha os
números, eles confirmam que o comportamento, a conduta negacionista de um
problema sério, grave, como é a Covid-19, ela faz vítimas”, disse ele.
Para o pesquisador da Fiocruz, não
é nenhum pouco razoável que um estado rico, um estado com uma população mais
jovem do que estados como no Sul do país, por exemplo, acumule uma taxa de
mortalidade tão alta.
“A gente sabe que Mato Grosso não
tem as desigualdades que a gente encontra, por exemplo, no Rio de Janeiro. É
uma diferença de renda tão significativa entre os mais ricos e os mais pobres.
A gente sabe que existe um processo de desenvolvimento no estado que dá
oportunidade para que as pessoas tenham emprego, trabalho. Então, quando a
gente olha para esses números, a única coisa que pode explicar essa situação
lamentável do estado, foi o comportamento negacionista, a diminuição do
problema, a busca por solução fácil, em vez de se buscar trabalhar junto à
ciência”, diz.
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