Do G1 MT| Foto: Divulgação
Em
2019, foram registrados 365 casos de assédio sexual em Mato Grosso contra 320
em 2018, um crescimento de 14%. O estado é o sexto com mais casos de assédio
sexual no país, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
divulgado no dia 19 de outubro.
Segundo
a defensora pública Rosana Leite, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher
(Nudem), é necessário combater todo tipo de violência contra as mulheres. “A
orientação às mulheres é que não aceitem qualquer tipo de violência. Os crimes
contra a dignidade sexual atingem a liberdade sexual da vítima. Todas temos o
direito de escolher com quem queremos manter atos de caráter sexual”, apontou.
A
defensora aconselha as vítimas a denunciar os crimes às autoridades. “O direito
delas em transitar livremente fica comprometido quando elas acabam sendo
vítimas desses delitos. Em sendo possível, acontecendo esses tipos de crime, as
mulheres devem contar para pessoas mais próximas e juntar provas e testemunhas
do crime. A palavra da vítima, quando se trata de delitos sexuais, tem grande
valor, mesmo porque os agressores, em regra, praticam o fato apenas na presença
da vítima”, ressaltou.
O
delegado Cláudio Sant’Ana, titular da Delegacia da Mulher, Criança e Idoso de
Várzea Grande, explica o que se enquadra na lei de assédio sexual. “O Código
Penal exige uma relação hierárquica superior daquele que pratica o assédio.
Então, um exemplo: o gerente passa a assediar aquela funcionária que trabalha
abaixo dele na empresa, assediando, forçando, fazendo convites. Já teve o 'não'
e ele ultrapassa essa barreira. Isso passa a ser inconveniente”, afirmou em
entrevista recente.
Importunação
Em
relação ao crime de importunação sexual, em 2019 foram registrados no Brasil
8.068 casos, número quase seis vezes maior do que no ano anterior, quando foram
registrados 1.341 casos.
A
importunação sexual começou a ser considerada crime no Brasil em 2018. “A
importunação sexual é àquela que venha constranger alguém, praticar ato
libidinoso contra a vítima sem a sua vontade”, elucidou Sant’Ana.
Somente
um caso de importunação sexual foi registrado em Mato Grosso no ano passado.
Porém, foram relatadas três novas denúncias apenas nos últimos dias. Uma delas,
flagrada por câmeras de segurança, ocorreu quando uma funcionária foi
importunada por um cliente enquanto trabalhava em uma loja em Cuiabá.
Denúncias
Para
a defensora pública, é preciso quebrar paradigmas para mudar de vez a situação
de violência contra as mulheres em Mato Grosso. “Os números mostram que o
machismo tem feito muitas vítimas por aqui. A grande dificuldade encontrada
pelas mulheres é a credibilidade da sociedade de que elas não são culpadas da
ocorrência desses crimes e, ainda, pelo fato de terem temor de que nada
aconteça com o agressor”, destacou.
De
acordo com Rosana, as mulheres precisam confiar nas leis e nas instituições na
defesa dos seus direitos. “O agressor que comete violência sexual contra as
mulheres só para de cometer esses crimes quando encontra um freio. Esse freio é
o poder público”, frisou.
“O
meu recado é que elas não esperem uma segunda violência em qualquer
circunstância, dentro ou fora de casa, que elas possam tomar uma atitude
imediata. Na Defensoria Pública, no Núcleo de Defesa da Mulher, nós sempre
damos crédito a palavra da mulher”, asseverou.
Canais
de atendimento
O
Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) da Defensoria Pública recebe denúncias e
repassa orientações por telefone e WhatsApp: (65) 98463-6782.
“O
Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública está à disposição para
orientação quanto a qualquer violência que as mulheres venham a sofrer, dentro
e fora de casa. Contem conosco!”, garantiu a defensora.
Denúncias
anônimas também podem ser feitas junto à Central de Atendimento à Mulher pelo
Disque 180 (nacional), pelo 197 (Polícia Civil), para a região metropolitana, e
181, para o interior do estado. O atendimento é feito pelo Centro Integrado de
Operações de Segurança Pública (Ciosp).
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