G1
O terminal ferroviário em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá,
tem barateado o custo do transporte de fertilizantes que saem do sudeste com
destino a Mato Grosso. Só no ano passado, o volume de fertilizantes nesta rota
foi duplicado. Pela ferrovia foram transportadas 1,7 milhão toneladas de
insumos. Se essa mesma quantidade de produtos viessem por meio de caminhões,
seriam necessárias cerca de 38 mil cargas.
Na fazenda de Osvaldo Pasqualotto, que fica em Rondonópolis,
ele espera 60 sacas por hectare, produtividade que considera alta e resultado
de alguns cuidados que ele adotou, começando pela adubação do solo. Nos mil
hectares que cultivou, foram usadas nesta safra 750 toneladas de fertilizantes.
“Fertilizantes sólidos que a gente usa aqui, é em torno de
500 quilos de fósforo por hectare e 250 quilos de cloreto de potássio. Então dá
em torno de 750 quilos por hectare. A gente acredita que vai ter uma boa
colheita esse ano. A gente pode ver que soja está bonita”, disse.
A maioria dos produtos usados para o bom desenvolvimento das
lavouras vem de fora e chegam em vagões que pertencem a uma empresa de
transporte ferroviário. São os mesmos que levam os grãos de Mato Grosso para o
porto de Santos (SP), principal porta de entrada do fertilizante importado pelo
Brasil e para onde Mato Grosso manda mais de 25 milhões de toneladas de grãos
todos anos. O frete de retorno dos fertilizantes começou em 2018 no intermodal
e isso já tem refletido diretamente no bolso do produtor.
"Os preços dos adubos aqui na nossa região alcançaram
nos últimos cinco anos os melhores patamares. Isso sim, devido a mercado e à
otimização do frete. Então hoje nós estamos pagando menos no frete devido a
linha férrea", diz Pasqualotto.
Para transportar hoje uma tonelada de fertilizantes por
ferrovia, o produtor paga entre R$ 200 e R$ 240, dependendo da época do ano.
Pela rodovia o preço sobe, em média, 20%. O preço do adubo no estado é baseado
na realidade de mercado de Rondonópolis, cidade onde chega a linha férrea e
onde as grandes empresas que detêm esses produtos estão instaladas.
“Mato Grosso recebe atualmente por ferrovia 33% dessa carga
e existe oportunidade e potencial para chegarmos muito próximo dos 100%",
diz Douglas Cunha de Oliveira, gerente de terminais.
É por isso que o terminal de fertilizantes dentro do
intermodal de Rondonópolis funciona 24 horas. São duas linhas férreas que
permitem a estrutura atender até oito vagões ao mesmo tempo na hora de
descarregar o produto. Por ano, a moega tem capacidade para até 7,5 milhões de
toneladas de fertilizantes, ou mais de 300 vagões por dia. É a mais produtiva
do país nessa modalidade.
“Conforme esse mercado vai se consolidando, vai atingindo
novas marcas, as alavancas estão no sistema portuário, na importação, recebendo
dos navios, chegando navios maiores e com isso a gente consegue receber maior
volume por esse sistema", diz Douglas.
Hoje chegam ao terminal de Rondonópolis oito tipos
diferentes de fertilizantes que vêm de países como a Rússia, Bielorússia,
China, Marrocos, Estados Unidos e Canadá. Entre esses produtos, a ureia, o
cloreto de potássio e sulfato de amônia. Tudo que é descarregado sobe para o
armazém por correias transportadoras que levam os fertilizantes para serem
estocados em oito boxes. Esses produtos seguem para fazendas por estradas. Por
isso, o movimento de caminhões é intenso. Por dia, a capacidade é pra carregar
até 400 caminhões, o equivalente a 12,4 mil toneladas.
“Pelos trilhos, só no ano passado, chegaram mais de 1,7 milhão
de toneladas de fertilizantes importados para serem usados nas lavouras de Mato
Grosso. Para este ano, a empresa estima aumento de 40% nesse volume, ou seja,
até ,3 milhões de toneladas.
“Hoje a carga que já vem de grão até o complexo de
Rondonópolis ganha também uma carga para os caminhões que voltam para produção.
Então, a gente cria também oportunidades pro sistema que utiliza esse complexo,
fazendo com que a eficiência na operação dos ativos aumente e melhore nosso
custo Brasil", explica Douglas.
Fora o terminal, chegam fertilizantes também em outra
empresa especializada no segmento de contêineres. Ela funciona dentro do
intermodal de Rondonópolis e é controlada pela operadora ferroviária. Só no ano
passado, a empresa que atua na logística de contêineres registrou um aumento de
66% na movimentação desses produtos em seus contêineres por ferrovias. Os
adubos chegam em big-bags de uma tonelada já prontos para entrega aos
produtores, cooperativas e atacadistas de insumos agrícolas. O aumento registrado
no ano passado em relação a 2018 se explica pelo crescimento do volume e a
produtividade das safras de soja, milho e algodão. Um caminho sem volta, que
agrada principalmente ao produtor.
"Se mais empresas pudessem utilizar linhas férreas, com
certeza haveria concorrência e o frete baixaria mais ainda. Quando você começa
a baixar o preço no transporte, o preço do frete, toda a sociedade ganha.
Porque você consegue ter uma comida mais barata", diz Pasqualotto,
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