Da redação com informações do RDNEWS
Os casos de dengue mais que
dobraram em diversos municípios de Mato Grosso nos primeiros quatro meses deste
ano, em comparativo à mesma época de 2018. Em Alto Taquari, de cinco casos, saltou para 124 . Em contrapartida, em Cuiabá e Várzea
Grande, também no primeiro quadrimestre, houve redução de registros, segundo
dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES): nos dois municípios, somados de
janeiro ao fim de abril, foram 2,7 mil casos no ano passado, enquanto em 2019
foram 222.
A soma dos casos no Estado
demonstra que os registros reduziram neste ano. Em 2018 foram 6.281 casos de
janeiro até o fim de abril. Já em 2019, também no primeiro quadrimestre, foram
5.394.
Nas duas maiores cidades do
Estado houve redução de mais de 80% dos casos no primeiro quadrimestre. Em
Cuiabá foram 1.240 casos nos primeiros quatro meses de 2018, enquanto neste ano
foram 198. Já em Várzea Grande foram 1.465 registros no ano passado, enquanto
em 2019 foram somente 24 casos.
A SES atribui a redução dos
casos, principalmente em Cuiabá e Várzea Grande, a campanhas de conscientização
feitas no Estado. “Houve mais capacitação de técnicos e os agentes de saúde
estão mais preocupados com isso. Um trabalho de vigilância fez com que os casos
diminuíssem”, alegou a gerente de agravos endêmicos, Alba Valeria Gomes de
Melo.
“Outro ponto é que muitas pessoas
podem estar imunes ao vírus que está circulando, porque já o contraíram
anteriormente. Provavelmente, diminuiu números de pessoas suscetíveis. Muitas
pessoas que já ficaram doentes podem estar imunes ao vírus da dengue”,
acrescentou.
Em direção oposta ao que acontece
em Cuiabá e Várzea Grande, diversos municípios do interior viram seus casos
aumentarem. Em Rondonópolis, por exemplo, no primeiro quadrimestre de 2018
foram registrados 80 casos, enquanto neste ano, no mesmo período, foram 120. Em
Sinop, também de janeiro a abril, foram 298 registros no ano passado, enquanto
em 2019 foram 589.
Os aumentos de casos no primeiro
quadrimestre deste ano, no comparativo com 2018, que mais chamam a atenção no
Estado são em Água Boa, que cresceu de quatro para 165; Querência, de 21 para
214; Canabrava do Norte, de zero para 81; Confresa, de 69 para 472; Porto
Alegre do Norte, de cinco para 87; Alto Araguaia, de 32 para 349 e Alto
Taquari, de cinco para 124 (veja dados completos no gráfico desta reportagem).
Para Alba, os aumentos de casos
estão concentrados na região do Médio Araguaia. Segundo ela, a explicação para
o fato é que se trata de uma área próxima a Goiás. “Suspeitamos que esse
aumento pode ser motivado porque são cidades na entrada de Goiás. Mas isso é
uma hipótese”, pontuou.
Ela ressalta também que outra
hipótese é que as campanhas de prevenção ao mosquito não tenham sido tão
eficazes nas cidades em que os casos aumentaram. “Isso varia em cada município.
Alguns fazem a tarefa de casa, controlam os criadouros e orientam a população.
Nos municípios em que aumentaram os casos, eles podem não ter se empenhado e os
criadouros podem ter aumentado em consequência disso”.
O período epidêmico, conforme a
SES, é de novembro a março. No entanto, a pasta afirma que as incidências
também podem ter sido maiores em algumas cidades durante o primeiro
quadrimestre de 2019, porque o período chuvoso neste ano foi superior ao de épocas
anteriores.
A pasta planeja fazer ações
específicas de conscientização nas cidades em que houve aumento dos casos.
Tipo mais grave do vírus
Apesar da redução de casos em
diversas regiões e aumento em outras, um fato tem preocupado em todas os municípios:
o aumento dos casos do tipo mais grave da dengue. O crescimento de tais
registros está sendo notado no interior do Estado – ainda não há levantamentos
oficiais. Não é descartada a possibilidade de que também sejam registrados
casos na Capital.
De acordo com a gerente de
agravos endêmicos da SES, em diversos municípios do interior estão sendo
registrados casos do vírus DENV-2, o mais virulento e agressivo tipo de dengue.
Ele evolui rápido e pode levar a óbito. Esse vírus circulou no Estado em 2011, quando
houve o bloqueio epidemiológico que evitou uma epidemia.
“Esse vírus está circulando na
maioria dos Estados e também nas cidades do interior de Mato Grosso, porque
nosso estado é muito grande e tem fronteiras com Mato Grosso do Sul e Goiás. A
suspeita é de que esse vírus esteja chegando a Mato Grosso pela fronteira”,
disse.
Para detectar o tipo de vírus, é
preciso que o paciente com suspeita de dengue passe por um exame que aponta a
origem da dengue. “Para que haja a desconfiança de que a pessoa tenha o tipo
dois da dengue, ela precisa estar com os sintomas durante cinco dias”,
explicou.
Em caso de desconfiança da
doença, Alba frisou que é fundamental procurar atendimento médico o quanto
antes. “Uma das dificuldades é que os pacientes estão procurando as unidades
para coletar mostra de modo tardio. Isso dificulta o tratamento”, pontuou.
Nesta semana, a SES emitiu um
alerta aos municípios em relação ao avanço dos casos de vírus DENV-2.
“Orientamos aos profissionais de
saúde dos municípios que notifiquem todos os casos suspeitos das arboviroses
dengue, chikungunya e zika, considerando o cenário epidemiológico dessas
doenças. Ao observar os sintomas, é preciso que os profissionais redobrem a
atenção”, recomenda a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da SES-MT,
Alessandra Moraes.
Conforme a Secretaria Estadual de
Saúde, os casos considerados suspeitos apresentam febre de duração máxima de
sete dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: febre,
cefaleia, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária, prostração, exantema e com
exposição à área com transmissão de dengue ou com presença de Aedes Aegypti nos
últimos quinze dias.
Mortes no Estado
Dois casos recentes de mortes por
suspeita de dengue grave chamaram a atenção neste mês.
No dia 4, uma garota de 10 anos,
identificada como J.B.G., morreu com suspeita de ter contraído o tipo mais
grave da doença. Ela morava em Primavera do Leste e foi encaminhada ao Hospital
Regional de Rondonópolis, onde não resistiu e faleceu.
No último dia 6, uma estudante de
15 anos, identificada como Cailane Rodrigues Machado, também morreu com
suspeita do estágio grave de dengue, em Confresa (a 1.160km de Cuiabá).
As duas mortes, assim como outros
casos de suspeita de dengue grave, são apuradas pelo O Laboratório Central de
Saúde Pública de Mato Grosso (Lacen-MT).
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