Brasil| Presas estudam e desejam fazer curso superior para garantir renda quando deixarem a prisão em MT
Com informações do G1
As grades e os muros da Penitenciária Feminina Ana Maria do
Couto May, em Cuiabá, não são barreiras para os sonhos de algumas reeducandas
que desejam fazer curso superior e levarem uma vida diferente quando deixarem a
prisão.
Carolina Bernardes (nome fictício), de 31 anos, está presa
há 6 anos por homicídio e estelionato. Foi condenada a 27 anos de prisão. Ela
diz que cometeu o crime sob influência do ex-companheiro, pai dos dois filhos
dela, que desde a prisão são criados pela mãe dela.
Ela trabalhava como auxiliar administrativo e, até o crime,
o qual ela não gosta de contar detalhes, nunca havia nem passado perto de um
presídio.
Carolina contou que nunca imaginava que um dia seria presa.
Ela concluiu o ensino médio fora da prisão e desde que foi presa faz de tudo
para reduzir a pena. Lê, faz cursos e trabalha na Fundação Nova Chance.
Galeria V3 |
Carolina já prestou o Enem seis vezes e sonha fazer
gastronomia. Sempre gostou de cozinhar e dentro da penitenciária pode trabalhar
na cozinha e já fez curso de salgados. Isso despertou mais ainda o interesse em
fazer o curso.
Além disso, é uma forma de ter independência e garantir
renda sem precisar de um emprego fixo. Ela já faz planos de abrir um pequeno
negócio com a mãe.
"Penso em trabalhar com congelados em marmitas, porque
percebo que hoje as pessoas têm pouco tempo para cozinhar em casa",
contou.
Se não conseguir gastronomia, ela vai tentar química, física
ou nutrição.
Pelo processo normal, ela teria direito ao regime
semiaberto, depois que tiver cumprido 2/5 da pena, em 2024, mas, com os cursos,
os livros que leu, as aulas, o tempo pode ser reduzido.
Já Maria Fernanda Silva (nome fictício), de 25 anos, que
está presa por tráfico de drogas há um ano e cinco meses, sonha fazer
engenharia civil para construir casas.
Ela tenta se empenhar na leitura do livros e nas aulas. A
pena total dela é de 11 anos.
Se não conseguir nota para engenharia, vai tentar enfermagem
ou pedagogia. Ela disse que pensa em enfermagem para poder ajudar as pessoas,
porque no posto de saúde perto da casa dela o atendimento era precário e
faltavam profissionais.
Ela concluiu o ensino médio dentro do presídio. Parou de
estudar no segundo ano do ensino médio e foi quando se envolveu com a
criminalidade. Ela tem dois filhos, de 3 e 5, e é casada. Os filhos estão sob
os cuidados da mãe dela.
Carolina e Maria estão entre as 53 mulheres presas em Mato
Grosso que prestam o Enem nesta terça-feira. Elas e outras 17 estão reclusas na
Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May.
Depois que passam no vestibular, as detentas precisam de um
alvará de permissão para estudar que é concedido pelo juiz da Vara de Execuções
Penais.
Em 2017, oito detentos no estado conseguiram esse alvará.
A juíza auxiliar da Corregedoria de Justiça de Mato Grosso,
Ana Cristiana Silva Mendes, disse que é preciso avaliar o comportamento para
então decidir se é possível liberar as detentas para o regime semiaberto.
Nenhum comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.