Saúde| Mutirão de cirurgias oftalmológicas do governo de MT é investigado por suposto erro médico e fraude
Com informações do G1
Um
mutirão de cirurgias oftalmológicas, realizado pelo governo de Mato Grosso, é
investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso por suposto
erro médico e fraude.
Para
fazer os atendimentos, o governo de Mato Grosso contratou por licitação uma
empresa de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Os mutirões começaram e logo
chegaram denúncias ao Ministério Público: ela estaria inflando, aumentando, o
número de cirurgias e consultas realizadas para receber mais dinheiro do
estado.
O
contrato chega a R$ 48 milhões.
Há
relatos de moradores que perderam a visão ou que tiveram a situação agravada e
enxergam menos do que antes de passarem por cirurgia. É o caso do consultor
Miguel de Oliveira. Ele afirma que ficou cego do olho direito.
Já
a aposentada Berenice Francisca da Silva afirma que enxerga apenas vultos.
“Não
havia um controle por parte do estado, ou seja, quantos procedimentos
cirúrgicos estavam sendo realizados. Não havia sequer fiscalização no sentido
de controlar a qualidade dos serviços que eram prestados”, disse o promotor
Mauro Zaque de Jesus.
No
mutirão do governo, as consultas e cirurgias de graça foram realizadas em 14
cidades entre junho de 2016 e junho de 2018.
Além
da suspeita de pagamento em dobro, a promotoria investiga se houve erro médico.
Um dos operados, por exemplo, saiu da cirurgia com um comprovante que dizia que
ele recebeu a lente artificial usada na cirurgia de catarata. Mas a visão só
piorou. Depois, ele procurou um médico particular, que concluiu: 'não há nenhuma
lente' no olho direito.
O
MPE fez as contas: se todas as pessoas que aparecem na lista de pagamento
tivessem passado por um médico, a consulta teria duração de dois minutos e
meio, segundo os promotores, para que isso fosse possível, os médicos deveriam
trabalhar oito horas por dia, sem intervalo, sem almoçar, lanchar ou ir ao
banheiro.
Outro
lado
O
governo contesta, afirma que havia uma fiscalização séria e que vai comprovar
que só houve pagamento de cirurgias realizadas. A empresa nega erro médico ou superfaturamento.
Em
nota, o governo disse que em todos os casos citados na reportagem, a Secretaria
de Estado de Saúde (SES) não certificou a ocorrência, não autorizou o pagamento
e muito menos efetuou o pagamento referente às cirurgias de catarata que não
foram realizadas.
"Eles
estiveram na Caravana, passaram por consultas e exames, mas não tiveram as
cirurgias realizadas. O equívoco do MPE é supor, com base em um documento
incompleto, que cirurgias não realizadas foram pagas. Documentação da Secretaria
de Saúde comprova que, dos nove casos trazidos aos autos pelo MPE, não constam
os pagamentos de procedimentos não realizados", salientou o governo na
nota.
Com
relação aos casos dos três pacientes citados na reportagem, o governo afirmou
que deu toda a assistência a cada um deles.
A
respeito da contratação da empresa, o governo disse que que obedeceu todas as
regras para o chamamento público, sendo que a referida empresa foi a única
especializada neste serviço apta a atender a demanda.
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