Eleições 2018| O Brasil que o novo presidente receberá em cinco indicadores internacionais
Com informações do G1
Os últimos
quatro anos de mandato presidencial foram cumpridos por dois
presidentes: Dilma Rousseff e Michel Temer.
Reeleita em
2014, a petista foi alvo de um processo de impeachment que culminou
em sua saída da presidência em 31 de agosto de 2016.
Rousseff foi
sucedida por seu vice, Michel Temer, do MDB, que desde então governa
o país.
A partir do
ano que vem, o Brasil de Dilma e Temer será comandado por Fernando
Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (PSL).
Nesse momento
de mudança política, a BBC News Brasil levantou cinco indicadores
internacionais para entender no que avançamos - e no que
retrocedemos ou ficamos estagnados.
1) Ranking das maiores economias
Em 2014, o
Brasil ocupava a sétima posição no ranking das maiores economias
do mundo medido pelo PIB (Produto Interno Bruto, ou a soma de todas
as riquezas produzidas pelo país) em dólar, segundo o Banco
Mundial.
Hoje, somos a
oitava maior economia do mundo de acordo com esse indicador, que
sofre grande influência do câmbio. Fomos ultrapassados pela Índia.
No entanto, se
considerarmos o PIB medido por Paridade de Poder de Compra (PPP), que
neutraliza justamente esse efeito, também caímos.
Nos últimos
quatro anos, a Indonésia nos ultrapassou e fomos do sétimo para o
oitavo lugar.
No período, o
PIB per capita (total de riquezas dividido pela população), uma das
medidas de comparação internacional do padrão de renda de cada
país, também registrou queda em termos reais.
Por essa
medição, o indicador caiu 4,6% em 2015 e 4,4% em 2016. No ano
passado, registrou ligeira alta de 0,2%.
"O
próximo presidente vai ter que fazer a economia voltar a crescer,
que é a principal aflição do povo brasileiro. Sem isso, os níveis
de desemprego vão continuar elevados", diz André Perfeito,
economista-chefe da corretora Spinelli.
2) IDH e combate à pobreza
O nota do
Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi de 0,755 em
2014 para 0,759 em 2017 (último dado disponível) numa escala que
vai de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento
humano.
Ou seja, o
país registrou uma melhora no ranking, que considera indicadores
como esperança de vida ao nascer, expectativa de anos de estudos e
renda per capita.
Contudo, o
Brasil não mudou de posição: continua estagnado no 79º lugar
entre 189 países.
Na América
Latina, ocupamos a quinta posição, atrás de Chile, Argentina,
Uruguai e Venezuela.
Ainda assim, o
IDH brasileiro supera a média regional da América Latina e Caribe,
de 0,758.
3) Percepção de Corrupção
Em 2014, o
Brasil ocupava a 69ª posição entre 174 países e territórios no
ranking de percepção da corrupção da ONG Transparência
Internacional.
Hoje, está no
96º lugar entre 180 países e territórios, devido aos sucessivos
escândalos de corrupção que mergulharam o país numa crise
política sem precedentes.
O Brasil se
encontra na pior situação dos últimos cinco anos. Apenas Libéria
e Bahrein registraram recuo maior, de 32 e 33 posições,
respectivamente.
Estamos
empatados com a Colômbia, Indonésia, Panamá, Peru, Tailândia e
Zâmbia, e atrás de países como o Timor Leste, Sri Lanka, Burkina
Faso, Ruanda e Arábia Saudita.
Segundo a
Transparência Internacional, a queda dos últimos anos pode ser
explicada pelos efeitos da Lava Jato e de outras grandes operações
que representam um esforço notável do país em enfrentar a
corrupção.
"Esse
efeito inicial de agravamento da percepção de corrupção é
comumente observado em países que começam a confrontá-la de
maneira eficaz, pois traz o problema à luz em toda a sua dimensão.
No entanto, se o país persiste nesse enfrentamento, o efeito
negativo inicial começa a se reverter numa percepção de maior
controle da corrupção", disse a organização em comunicado ao
lançar o último relatório.
O índice mede
o grau em que a corrupção é percebida a existir entre os
funcionários públicos e políticos.
A
Transparência define como corrupção "o abuso do poder
confiado para fins privados".
4) Ambiente para negócios
Empresários
costumam reclamar que o Brasil apresenta muito mais dificuldades para
abrir e prosperar um negócio do que outros países.
No ranking de
2018, elaborado pelo Banco Mundial, o país ficou na 125ª colocação
entre 190 países.
Já em 2014,
estávamos melhor: 116ª colocação entre 189 países.
Embora o
número de dias para abrir um negócio tenha diminuído de 107,5 dias
em 2014 para 79,5 dias em 2018, ainda são necessários 434 dias para
se obter um alvará de construção (contra 400 em 2014).
O período
para o registro de uma propriedade também aumentou, de 30 dias em
2014 para 31,4 em 2018.
O relatório,
publicado anualmente pelo Banco Mundial, investiga as regulamentações
que melhoram a atividade de negócios e as regulamentações que a
restringem.
Entre as áreas
analisadas estão abrir um negócio, lidar com alvarás de
construção, obter eletricidade, registrar a propriedade, obter
crédito, proteger investidores, pagar impostos, negociar no
exterior, cumprir contratos, solucionar uma insolvência e empregar
trabalhadores.
5) Pisa Educação
O Brasil ainda
continua entre os países com pior desempenho em educação.
Na mais
recente edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa), em 2015, ficamos nas últimas posições em ciências (63º),
matemática (65º) e em leitura (59ª). Foram analisados 70 países.
Realizado a
cada três anos, o teste mede o desempenho escolar de jovens de 15 e
16 anos de diversos países nesses três quesitos principais. No
total, 841 escolas brasileiras e 23.141 dos nossos alunos foram
avaliados.
Na outra
ponta, estão países como Cingapura, Japão e Finlândia.
"Mais de
80% dos nossos alunos estão em escolas públicas. E eles sentem que
não estão aprendendo ou acham o conteúdo irrelevante. Como
resultado, acabam deixando de estudar no ensino médio", diz
Cláudia Costin, ex-diretora-sênior do Banco Mundial para educação
e atualmente professora da FGV-RJ.
"Além
disso, temos um índice de repetência altíssimo. Na maioria dos
países com bons sistemas educacionais, poucos são aqueles que
repetem de ano", acrescenta.
Segundo um
estudo recente realizado pelo professor Naercio Menezes Filho, do
Insper e da USP, o fraco desempenho dos nossos estudantes não ocorre
apenas porque eles não acertam as perguntas da prova, mas porque
muitos não conseguem terminá-la.
A pesquisa
mostra que 61% dos alunos brasileiros não conseguem chegar ao final
da primeira parte da prova. Entre os estudantes da Finlândia, por
exemplo, essa proporção é de apenas 6%.
Segundo
Menezes Filho, caso nossos estudantes soubessem administrar o tempo
melhor, o desempenho do Brasil poderia ser mais elevado, mas não o
suficiente para alavancar a posição do país no ranking.
O
detalhamento só foi possível porque a última edição do Pisa, que
é realizado pela OCDE, foi totalmente aplicada por computador. Ou
seja, se pôde medir o tempo que os alunos perderam com cada uma das
questões.
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