Com informações da Agência Brasil
Um estudo desenvolvido a partir da
análise de milhares de moléculas levou pesquisadores à identificação de
lipídios que podem indicar a evolução da dengue para sua forma mais grave, a
hemorrágica. Segundo os cientistas, foi possível observar que o vírus ajuda a
promover a adição de fosfato às proteínas do sangue, aumentando a quantidade de
fosfotidilcolinas.
Esses lipídios agem contra a
coagulação, e a presença excessiva deles acaba por desbalancear os processos
que evitam as hemorragias.
O estudo foi desenvolvido pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Escola de Medicina de São José do
Rio Preto (Famerp), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (Fapesp), revelou marcadores que facilitam o diagnóstico da dengue
hemorrágica.
A investigação é resultado do doutorado
do pesquisador Carlos Fernando Odir Rodrigues, sob orientação do professor
Rodrigo Ramos Catharino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.
Reconhecimento internacional
Transformada em artigo publicado na
revista Scientific Reports, a pesquisa descreve a evolução da dengue
hemorrágica a partir da análise de 20 pacientes tratados no Hospital de Base da
da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).
De acordo com o estudo, o vírus assume
o controle do metabolismo das células infectadas para atender às necessidades
de replicação viral. Essa atuação gera aumento da fosfotidilcolina, que
dificulta a coagulação do sangue e é um indicativo da febre hemorrágica.
Com essa constatação, os pesquisadores
acreditam que, em breve, será possível identificar a ocorrência da forma mais
grave da doença a partir de exames de sangue. A expectativa é que a descoberta
também ajude no desenvolvimento de vacinas e no aperfeiçoamento dos
tratamentos.
A partir do diagnóstico mais rápido e
preciso, deve ainda aumentar a sobrevida dos pacientes, uma vez que o
atendimento já poderá ser direcionado desde os estágios iniciais. A evolução
para a variedade hemorrágica está ligada vários fatores, como a quantidade de
vírus no organismo e a reação do sistema imunológico do doente.
Contaminação
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
estima que a dengue afete 390 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Em
junho, o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti
(LIRAa), do Ministério da Saúde, apontou que 1,1 mil municípios brasileiros,
22% do total, tinham risco de surto de dengue, zika e chikungunya.
Nas capitais, apenas São Paulo, João
Pessoa e Aracaju estavam em condições consideradas satisfatórias e tinham
poucas chances de enfrentar esse tipo de problema.
Até julho, haviam sido confirmadas 77
mortes causadas pela dengue em todo o país. Ao todo, foram registrados 148
casos da doença considerados graves e 1,7 mil ocorrências com sinais de alarme.
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