Mato Grosso| Presos homossexuais são tratados com exorcismo e isolamento em presídios de MT, diz ONG
Com informações do G1
Homossexuais, travestis e
transexuais relataram que exorcismo e isolamento fazem parte dos castigos
aplicados em presídios de Mato Grosso. O relato foi feito aos realizadores do
projeto 'Passagens', vinculado à Organização Não-Governamental (ONG) 'Somos' do
Rio Grande do Sul.
Por meio de assessoria, a
Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh-MT) informou que vai
aguardar o envio de um relatório elaborado pelo grupo para então tomar
providências com relação às denúncias.
No final de julho, o grupo
visitou a Penitenciária Major Eldo Sá Corrêa, em Rondonópolis, a 218 km de
capital, e o Centro de Ressocialização de Cuiabá.
O objetivo é acompanhar as
demandas dos detentos que pertencem ao grupo LGBTQ+ e proporcionar a
capacitação dos servidores para convivência e validação dos direitos desse
público dentro das penitenciárias.
Mato Grosso foi um dos estados
visitados por ter sido um dos primeiros a criar uma ala exclusiva para os
presos homossexuais.
Porém, segundo os pesquisadores,
a separação dos demais presos, não faz com que os detentos estejam isentos de
castigos e abusos por parte, inclusive, dos servidores.
De acordo com o coordenador do
projeto, Guilherme Gomes Ferreira, os detentos relataram ao grupo que presos
das chamadas Ala Arco-Íris (em Cuiabá) e Ala Aquarela (em Rondonópolis) são
constantemente agredidos.
Segundo a ONG, um detento
homossexual da Mata Grande contou que em uma das chamadas sessões de exorcismo
e “cura gay”, as mãos e pés foram amarrados.
Ao todo, foram coletados cerca de
40 depoimentos em Mato Grosso, sendo 20 na Mata Grande e 20 no Centro de
Ressocialização de Cuiabá (CRC).
Além da coleta de depoimentos,
agentes penitenciários e demais servidores do sistema participaram de oficinas
e palestras promovidas pelo projeto.
Todo material coletado nas
visitas devem compor um relatório que a organização vai enviar à Secretaria
Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh-MT).
Outro lado
O governo informou ainda que
normatizou os parâmetros de acolhimento e atendimento à população LGBTQ+ no
sistema prisional, conforme estabelece a Instrução Normativa N.º 001/2017/
criada pela Sejudh e publicada no Diário Oficial do dia 30 de novembro de 2017.
De acordo com o presidente do
Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen), Amaury
Paixão, o sindicato não recebeu denúncias de agressões à comunidade LGBT por
parte dos servidores.
No entanto, ressalta que uma das
atribuições do servidor penitenciário é preservar a integridade física do
recuperando, independente da opção sexual.
Nos presídios
A Ala Arco Íris, no CRC, primeira
a ser implantada em 2012, abriga atualmente 21 presos entre transsexuais, gays
e travestis. Segundo a Sejudh, os presos desta ala participam de diversas
atividades de ressocialização desenvolvidas na unidade, como organização da
biblioteca, confeitaria e jardinagem.
A Ala Aquarela foi inaugurada em
junho deste ano, na Mata Grande, em Rondonópolis, e tem capacidade para 22
pessoas.
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