Policial| Metade das vítimas de estupro no Brasil são crianças
Com informações da Revista Exame
Quando uma mulher é vítima de
estupro, os casos de ataques em locais escuros por um homem desconhecido são
minoria. Na verdade, metade das vítimas são crianças, e a maioria de seus
estupradores são parentes ou conhecidos da família.
Em 2016, 49.497 casos de estupro
foram registrados pelas polícias dos estados brasileiros. No sistema de saúde,
as notificações representam quase a metade (22.918).
Os dados foram apresentados no
Atlas da Violência 2018, divulgados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas
Aplicadas (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FSBP) com base em
dados nacionais do sistema de saúde e do sistema policial.
Crianças
Usando microdados do sistema de
saúde, o relatório mostra que 50,9% das vítimas de estupro no Brasil são
crianças. Esse número se mantém em relativa estabilidade desde 2011.
Outros 17% das vítimas são
adolescentes, entre 14 e 17 anos de idade. A proporção vem diminuindo desde
2011, quando estava em 19,4%.
32,1%, quase um terço, são de
vítimas maiores de idade, uma proporção que vem crescendo (eram 29,9% em 2011).
Estupros coletivos
O relatório também apresenta um
recorte dos estupros coletivos, de acordo com a faixa etária.
As crianças ainda representam um
percentual alarmante das vítimas de estupro coletivo: 43,7%. Adolescentes são
20,1% das vítimas, e maiores de idade, 36,2%.
Raça ou cor
Os dados analisados por raça ou
cor das vítimas mostram um abismo de realidade: enquanto, de 2011 a 2016, a
proporção de estupros de mulheres brancas diminuiu, a de estupros de mulheres
pardas aumentou.
A proporção de mulheres indígenas
que notificou estupro também quase dobrou desde 2011: de 0,6% do total para
1,1% do total.
Grau de parentesco
O perfil do estuprador varia de
acordo com a idade da vítima, como mostra a tabela abaixo.
Quando a vítima é adulta, 53,52%
dos casos de estupro são cometidos por desconhecidos; outros 18,82% são
perpetrados por conhecidos ou amigos, e 8,2% pelo próprio cônjuge.
No caso das adolescentes, quase
um terço (32,5%) dos agressores são desconhecidos, outros 26% são amigos ou
conhecidos, e mais 9% dos estupros partem do próprio namorado.
Padrastos, pais e irmãos de
adolescentes são responsáveis por 7,38%, 6,54% e 1,55% dos casos de estupro.
Já contra as crianças, os
agressores são amigos ou conhecidos da família (30,13%), pais (12,03%) e
padrastos (12,09%), na maioria dos casos. A categoria “outros” também tem
prevalência entre crianças (17,59%).
Estados
Como era de se esperar, o estado
de São Paulo foi o que registrou o maior número de estupros no Brasil, com mais
de 10 mil.
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul
e Paraná ficaram todos na casa das 4 mil notificações.
Na maioria dos casos, as
notificações feitas à polícia foram mais numerosas do que os registros do
sistema de saúde, exceto em Amapá, Roraima, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Rondônia, Espírito Santo, Sergipe e Tocantins.
Subnotificação
O maior problema na catalogação
de dados sobre violência sexual é a subnotificação. Por vários motivos, as
mulheres nem sempre procuram a polícia quando sofrem estupro.
No Atlas da Violência, os pesquisadores
apontam estimativas dos Estados Unidos de que apenas 15% dos casos naquele
país, o que indica que aqui também o número real de estupros é bem maior do que
os dados mostram.
Se a proporção de casos não
notificados aqui no Brasil chegar a 90%, como estimam os pesquisadores, isso
significa que a prevalência de estupro no Brasil seria entre 300 mil a 500 mil
a cada ano.
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