Com informações do G1
Um a cada dez remédios vendidos
em países em desenvolvimento é falso ou abaixo do padrão, o que tem provocado
dezenas de milhares de mortes, muitas delas de crianças africanas que recebem
tratamentos ineficazes para pneumonia e malária, alertaram autoridades de saúde
nesta terça-feira (28).
Em um grande estudo do problema,
a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que os remédios falsos são uma
ameaça crescente, já que o comércio farmacêutico cada vez maior, inclusive pela
internet, abre as portas para produtos às vezes tóxicos.
Alguns farmacêuticos da África,
por exemplo, dizem ser induzidos a comprar de fornecedores mais baratos, mas
não necessariamente mais confiáveis, para competir com os comerciantes ilegais
de rua.
Os remédios falsos podem conter
doses incorretas, ingredientes errados ou até nenhum princípio ativo. Ao mesmo
tempo, um número preocupante de medicamentos autorizados não cumpre padrões de
qualidade devido à armazenagem imprópria e outras questões.
É difícil quantificar
precisamente a escala do problema, mas a OMS confrontou análises de 100 estudos
feitos entre 2007 e 2016, cobrindo mais de 48 mil amostras, e descobriu que
10,5 por cento dos remédios vendidos em países de renda baixa e média são
falsos ou abaixo do padrão.
Como as vendas de fármacos nestas
nações chegam a quase 300 bilhões de dólares por ano, isso implica que o
comércio de remédios falsos é um negócio de 30 bilhões de dólares.
O saldo humano é enorme, de
acordo com uma equipe da Universidade de Edimburgo que a OMS encarregou de
estudar o impacto dos medicamentos falsificados.
Ela calculou que até 72 mil
mortes de pneumonia infantil podem ser atribuídas ao uso de antibióticos com
atividade reduzida, cifra que sobe para 169 mil mortes se os remédios não
tiverem nenhuma atividade.
Remédios de má qualidade também
aumentam o risco de resistência a antibióticos, ameaçando minar o poder de
medicamentos que poderiam salvar vidas no futuro.
Outro grupo da Escola de Higiene
e Medicina Tropical de Londres estimou que 116 mil mortes adicionais por
malária podem estar sendo causadas todos os anos por remédios ruins na África
subsaariana.
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