Com informações do TRE-MT
Centenas de eleitores do
município de Alto Taquari aceitaram o
convite da Justiça Eleitoral e participaram da Audiência Pública da Cidadania,
na sexta-feira passada, para discutir temas com voto consciente, ferramentas
de combate à corrupção eleitoral, Lei da Ficha Limpa, dentre outros . O
município passará por eleição suplementar no dia 2 de julho deste ano, em
decorrência da anulação da eleição realizada em outubro passado.
Em um auditório lotado, os
eleitores assistiram a um vídeo produzido pela Organização das Nações Unidas,
denominado a Fábula da Corrupção. Em forma de desenho animado, o vídeo mostra
os danos à coletividade, causados por diversos personagens: há os indivíduos
corruptos, que subtraem bens da coletividade em benefício próprio; os que não
são corruptos, mas também não denunciam o colega; os que se deixam usar como
massa de manobra por "líderes" populistas e mal intencionados; os que
tentam protestar contra a corrupção, mas não conseguem apoio da maioria; e o
trabalhador que nunca consegue repor as mercadorias roubadas pelos corruptos,
embora trabalhe cada dia mais.
Um dos objetivos desta iniciativa
é buscar o apoio da população para que a eleição suplementar transcorra livre
da corrupção. Contudo, é intenção da Justiça Eleitoral levar a Audiência
Pública da Cidadania para outros municípios, como forma de fomentar na
sociedade a discussão sobre os males causados pela corrupção, não apenas aquela
praticada pelos políticos, mas também a pequena corrupção praticada no
dia-a-dia. "É nosso dever, como instituição pública, provocar esta
discussão. A questão é: o que eu, como cidadão, tenho feito para contribuir
para um país melhor para todos?", disse o presidente do Tribunal Regional
Eleitoral de Mato Grosso, desembargador Márcio Vidal, idealizador do projeto.
Iniciativa do TRE-MT provoca
debate na sociedade
Durante a Audiência Pública,
todos os presentes foram convidados a opinar sobre os temas discutidos. O
engenheiro civil Ary Coelho de Oliveira, 63 anos, parabenizou a Justiça Eleitoral
pela iniciativa. "O eleitor é culpado pelo político que tem. O voto pode
trazer soluções, mas também, consequências gravíssimas por colocar no poder
políticos despreparados e desonestos. Política é a arte de fazer o bem e bem
feito, com lisura e o que vemos é o contrário disso. O homem que não vive para servir, não serve
para viver", disse.
Na abertura da Audiência, o
vice-presidente e corregedor do TRE-MT, desembargador Pedro Sakamoto, pediu à
população que colabore com a Justiça Eleitoral na fiscalização do pleito de
julho deste ano. "A Justiça
Eleitoral atua no sentido de garantir igualdade de concorrência entre os
candidatos, seja ele pobre ou rico, pois não é a capacidade financeira que deve
garantir a vitória nas urnas. A Justiça Eleitoral não pode estar em todos os
recantos da cidade fiscalizando os abusos de poder econômico ou político. Por
este motivo, precisamos da colaboração de todos. A Justiça Eleitoral adotará as
providências para inibir práticas que atentem contra a democracia e punir quem
descumprir as leis".
O juiz da 8ª Zona Eleitoral,
Piero de Faria Mendes, também pediu o apoio da sociedade de Alto Taquari no
combate à corrupção. "A Justiça Eleitoral é um instrumento, mas as
eleições acontecem pelas mãos do cidadão e para o cidadão. Quando falamos em
cidadania pensamos na função do jurado e mesário, mas o papel do cidadão vai
muito além disso. Não podemos enxergar o ato de votar como uma obrigação, mas
como forma de contribuir para a vida política, da qual seremos alvo. Somos agentes
ativos da vida política e por isso temos que fazer nosso papel".
O diretor geral do TRE-MT, Nilson
Fernando Bezerra, ressaltou que os mecanismos de combate à corrupção foram
evoluindo ao longo dos anos. Houve a extinção da figura do votador, a substituição
dos votos em cédula para a urna eletrônica e, atualmente, o reconhecimento
biométrico do eleitor. "Mas nenhuma tecnologia, nenhuma técnica de combate
à corrupção terá mais eficácia do que uma sociedade preparada politicamente
para escolher seus representantes. O eleitor precisa saber se o candidato é
ficha suja, mas não somente isso, é necessário estudar a trajetória do
candidato, sua vida pregressa. Ver o que ele já fez pela cidade. É olhar para o
passado para projetar o futuro".
No final da Audiência, o
secretário de tecnologia e informação do TRE, Luis Darienzo, explanou sobre os
aplicativos da Justiça Eleitoral, disponibilizados à sociedade, para o combate
à corrupção e práticas ilícitas - Caixa I e Pardal. O TRE de Mato Grosso
adaptou estas ferramentas para serem usadas na eleição suplementar. "Quando as pessoas me questionam se as
urnas eletrônicas são seguras eu afirmo que sim. O nosso problema não está no
processo de votação, mas está no voto em si. Os candidatos corruptos exercendo
cargos eletivos são consequências das escolhas dos eleitores. Não adianta
garantir a segurança das urnas e da totalização dos resultados, se não é
possível garantir uma boa escolha por parte da população. A tecnologia vem só
para garantir o sigilo de voto e que a escolha do eleitor seja
respeitada".
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