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Saúde| Anemia não é normal em nenhuma faixa etária; veja como tratar

A anemia, doença que reduz a quantidade de glóbulos vermelhos no organismo, responsáveis pelo oxigênio dos órgãos, tem várias causas, mas a mais frequente é a deficiência de ferro e não é normal em nenhuma faixa etária. Pode acometer qualquer pessoa, mas sobretudo grupos vulneráveis, como crianças menores de três anos de idade, mulheres e gestantes. A Associação Brasileira e Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), por meio do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro explica que o ferro está presente no interior dos glóbulos vermelhos e é parte integrante de uma proteína chamada hemoglobina.
A deficiência de ferro (DFe) continua sendo, há décadas, a alteração hematológica mais frequente, acometendo 20% a 30% da população mundial (cerca de 2 bilhões de pessoas), sobretudo crianças, mulheres em idade fértil e gestantes. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), das dez principais causas de agravo à saúde da população geral, a DFe corresponde a 6ª causa nos países em desenvolvimento e a 10ª causa nos países desenvolvidos.
Em revisão recente, que incluiu estudos clínicos das últimas três décadas em crianças, mulheres em idade fértil e gestantes, Batista et al. demonstraram elevado índice de DFe e anemia em praticamente todas as regiões geopolíticas do Brasil. Esses dados comprovam, de maneira inequívoca, que a DFe continua sendo um grave problema de saúde pública.
“Quando falta ferro no sangue, falta oxigênio e isso traz consequências negativas para a nossa saúde. A pessoa com deficiência de ferro pode sentir cansaço fácil e constante, sem motivo aparente, além de dor de cabeça, tontura, irritabilidade, falta de atenção. As crianças podem ter dificuldade de aprendizagem, infecções com mais frequência, atraso de crescimento. Já os adultos, toleram menos os exercícios, têm menor rendimento no trabalho, podem ter palpitação, falta de ar, desânimo, às vezes simulando até um quadro de depressão, além de queda de cabelos, unhas mais fracas e quebradiças”, ressalta Rodolfo Cançado, hematologista e membro do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro da ABHH.
A pessoa com deficiência de ferro pode ter apetite por coisas ou substâncias não alimentares como: terra, gelo, macarrão cru, limão, giz, etc. Estima-se que a deficiência de ferro está presente em um terço da população mundial. Isso quer dizer que cerca de dois bilhões de pessoas têm deficiência de ferro.
A deficiência de ferro, sobretudo a anemia ferropriva, piora a qualidade de vida e a sobrevida das pessoas que dela são acometidas. A dieta pobre em ferro, falta da absorção de ferro, que se dá fundamentalmente no duodeno, e perda de sangue como as mulheres que tem menstruação excessiva, ou tumores do tubo digestivo que podem apresentar sangramento.
Cançado reforça que a investigação da anemia é tão importante quanto o tratamento da mesma. “Muitas vezes, o primeiro sinal de um tumor de estômago ou de intestino (colon) é a anemia. Portanto, se não investigarmos a pessoa com anemia, podem estar perdendo a chance de fazer o diagnóstico de um tumor numa fase ainda potencialmente curável”, informa o hematologista.
Para o diagnóstico da deficiência de ferro e da anemia ferropriva é preciso: hemograma que nos fornece a quantidade de hemácias e da hemoglobina, e as características morfológicas dos glóbulos vermelhos; e a dosagem da ferritina. Tanto o hemograma quanto a ferritina, são exames disponíveis no Sistema Único de Saúde, exame de sangue simples e barato.
“Há mais de 30 anos que dizemos que a Deficiência de Ferro é um problema de saúde pública no Brasil e não saímos do lugar. Estamos falando de 2 bilhões de pessoas com DF e pelo 1/3 com AF. Talvez justamente porque conversamos muito sobre a dieta e muito pouco sobre soluções efetivas de combate a essa situação. O governo brasileiro fornece o medicamento de graça, e mesmo em situações não-SUS, o custo do tratamento é relativamente baixo e efetivo”, relata.
Tratamento e cuidados
O tratamento com medicamentos contendo ferro (sais ferrosos ou férricos) demora pelo menos 90 dias, podendo se estender até seis meses. Isso é o que explica as pessoas que melhoram dos sintomas, param de tomar o remédio após 20 ou 30 dias, e a anemia volta logo depois. Para corrigir a anemia são necessárias 4 a 6 semanas e para corrigir os estoques mais dois ou três meses.
Dicas simples podem mudar a rotina e sintomas de uma pessoa que necessita de absorção de ferro como:
Dar preferência para as carnes em geral (sobretudo carne vermelha –fígado, morcela); cozinhar em panela de ferro e tomar um copo de suco de frutas cítricas (laranja, limão, acerola) antes ou durante a alimentação. O uso de vitamina C, laranja, limão, acerola, aumentam a absorção de ferro desde que ingeridos antes ou durante a alimentação. O leite de vaca não é fonte de ferro e até prejudica a absorção, a não ser que seja fortificado industrialmente, mas o leite materno, sim é fonte.
Orientação nutricional
É importante ressaltar que o ferro dos alimentos de origem animal, 20% a 30% são absorvidos no intestino, enquanto que o ferro dos alimentos de origem vegetal (ferro não-heme), a taxa de absorção é de apenas 1% a 7%.
Orientações gerais:
• Ingestão de carnes em geral + suco de fruta com vitamina C
• Não misturar leite ou chá na mesma refeição
• Evitar chocolate como sobremesa
• Evitar cereais integrais
• Utilizar panela de ferro para preparo das refeições
Fatores que interferem na biodisponibilidade de absorção do ferro não-heme dos alimentos:
Fatores que favorecem a absorção
• Alimentos ricos em ácido ascórbico (cajú, leguminosas, goiaba)
• Carnes (boi, peixe, aves, fígado)
Fatores que dificultam a absorção
• Fitatos, fosfatos e carbonatos (abacaxi,hortaliças,leite)
• Tanino (chá, café)
• Fosfoproteína (gema de ovo)
• Medicamentos que elevam o pH gástrico (antiácidos, inibidores de bomba de próton, bloqueadores histamínicos H2)

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