No
mesmo dia (quarta, 30), no mesmo estádio (Atanasio Girardot, em Medellín) e no
mesmo horário (18h45 locais, 21h45 em Brasília) em que ocorreria o primeiro
jogo da final da Copa Sul-Americana entre Atlético Nacional e Chapecoense, uma
multidão vestida de branco conduziu uma comovente homenagem póstuma ao time da
Chapecoense.
A
cerimônia reuniu milhares de pessoas nas arquibancadas da arena em uma
cerimônia em solidariedade às vítimas da tragédia que deixou, na terça (29), 71
mortos após a queda da aeronave que levava a equipe brasileira da Chapecoense à
Colômbia para a final da Copa Sul-Americana.
Na
convocação para a cerimônia, o Atlético Nacional pedia para todos irem ao estádio
"vestidos de branco e com uma vela branca em símbolo de
solidariedade".
Os
torcedores foram muito além. Estavam de branco, sim, mas muitos vestiam
camisetas, vendidas do lado de fora do estádio, com os escudos dos dois times
juntos. O Atanasio Girardot, com capacidade para 44 mil pessoas, ficou cheio, e
milhares não conseguiram entrar. A entrada era gratuita. Dentro, houve uma
cerimônia inesquecível.
Uma
grande coroa de flores adornava o círculo central do estádio, ladeada pelo
escudo da Chapecoense em negro. Os jogadores do Atlético Nacional entraram em
campo com um ramalhete de flores brancas cada um.
A
todo instante, o coro "Ê, vamos, vamos, Chape" enchia o estádio, por
vezes em volume ensurdecedor. O mote era intercalado por luzes de velas e
lanternas.As faixas estendidas, em sintonia com o espírito da noite, diziam:
"O futebol não tem fronteiras. Força, família, torcida e povo
Chapecoense"; "Todos somos Chapecoense"; "Uma nova família
nasce" ou "Equipe imortal, campeões para sempre #somos todos Chape".
Muitos no estádio choravam durante a cerimônia.
Entre
as autoridades presentes estava o chanceler brasileiro, José Serra, que
embargou a voz e chorou algumas vezes durante o seu discurso e disse que jamais
havia tido uma emoção tão grande em sua vida.
Serra
agradeceu "a expressão da solidariedade que encontramos, que nos oferece
um consolo, uma luz na escuridão quando todos tentam compreender o
incompreensível". Disse ainda que o desastre foi "uma espécie de
conto de fadas que se tornou a tragédia".
"Nós
brasileiros não vamos nos esquecer de como vocês sentiram como se fosse de
vocês o terrível desastre que interrompeu o sonho dessa heroica equipe da
Chapecoense. Assim como não esqueceremos a atitude do Atlético Nacional e de
todos que pediram que se conceda o título da Copa Sul-Americana ao
Chapecoense", afirmou Serra.Uma banda militar, tendo à frente soldados com
bandeiras do Brasil, da Colômbia, da Chapecoense e do Atlético Nacional, entre
outras, executou os hinos dos países e marchas fúnebres. Perto do fim da
homenagem, um helicóptero lançou pétalas de flores sobre o gramado. Torcedores
atiraram flores das arquibancadas.
A
cerimônia no Atanasio Girardot coroou a onda de solidariedade que tomou conta
de Medellín e do Atlético Nacional depois da tragédia.
Outro
exemplo bonito: a Alvorada é uma manifestação cultural muito popular em
Medellín. Para celebrar o mês de festas e a chegada do fim do ano, os
habitantes soltam fogos à meia-noite de 1º de dezembro. Mas as autoridades da
cidade passaram esta quarta (30) pedindo para que, em respeito ao luto pela
tragédia, não se celebrasse a Alvorada neste ano. Com informações da Folhapress.
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