Brasil| Pesquisa confirma que Brasília é uma das cidades mais desiguais do país
A
qualidade de vida dos moradores do Plano Piloto, é assegurada por índices
elevados de urbanismo, áreas verdes, serviços e renda....Arquivo/Agência Brasil
A
cidade de Brasília registra um dos maiores índices de desigualdade econômica e
social do Brasil. É o que mostra o Mapa das Desigualdades, divulgado neste
sábado (03) pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), pelo Movimento
Nossa Brasília e pela ONG Oxfam Brasil. A partir de um medidor inédito, chamado
“desigualtômetro”, termo criado pela Rede Social Brasileira por Cidades Justas
e Sustentáveis, o mapa mostra diferenças significativas no acesso a
determinados bens e serviços entre os moradores da região central e das áreas
periféricas no Distrito Federal.
Na
área da saúde, por exemplo, o mapa aponta que o “desigualtômetro” do Plano
Piloto, região central de Brasília, chega a ser 19 vezes superior à região da
Estrutural, favela periférica situada a aproximadamente 20 quilômetros do
centro da cidade.
Num
evidene contraste com áreas mais urbanizadas, os moradores da favela da
Estrutural convivem com mazelas como um Lixão e baixos níveis de saneamento,
educação, serviços e rendaArquivo/Wilson Dias/Agência Brasil
No
Plano Piloto, onde 60% dos moradores trabalham no serviço público, 52% das
pessoas utilizam os postos de saúde em sua própria vizinhança. Na Estrutural,
esse percentual chega a 92%, mostrando as dificuldades de locomoção dos
moradores. No quesito plano de saúde, a proporção é ainda mais desigual. No
Plano Piloto, 84,4% da população possui plano de saúde, enquanto que na
Estrutural essa taxa não passa de 5,6%.
A
base de dados utilizada pela pesquisa da desigualdade é a mesma do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Distrital por
Amostras de Domicílios (PDAD). A diferença é que, dessa vez, os dados de
diferentes áreas foram condensados em um gráfico topográfico que mostra
visualmente as diferenças entre as regiões.
“Esses
dados já estavam disponíveis, agora foram agregados e colocados em mapas. Com
as topografias, podemos dar maior visibilidade às diferenças”, comentou Cléo
Manhas, assessora política do Inesc e integrante do Movimento Nossa Brasília.
Outras áreas
A
mesma comparação apresentada na saúde foi feita nas áreas da cultura,
educação, segurança pública, mobilidade
urbana, saneamento básico e trabalho e renda,. Em todas elas, a proporção de
desigualdade se mantém, mas o indicador de renda é o que apresenta maior
disparidade. A renda per capita no Plano Piloto é de R$ 5.569,46, enquanto que
na Estrutural é de R$ 521,80, ou seja, dez vezes menor.
O
indicador de renda, também revela a desigualdade racial. “Segundo o estudo,
quanto maior a renda, menos negra a população. Quanto menor a renda, mais negra
é a população”, revelou Cléo Manhas.
O
estudo revela ainda que o índice de Gini (que mede o nível de desigualdade) do
Plano Piloto é 0,428, um dos mais altos do país. O índice varia de 0 a 1 e
quanto mais próximo de 1, mais desigual. No Plano Piloto, todos os domicílios
tem energia, abastecimento de água e esgotamento sanitário e apenas 3% dos
domicílios estão em terreno irregular, taxa que sobe para 82% na Estrutural,
onde também falta energia, saneamento e abastecimento regular de água.
Uma
iniciativa semelhante ao Mapa das Desigualdades já é feita na cidade de São
Paulo há dois anos. “É a primeira vez que esse mapa é feito para o Distrito
Federal. Nós já sabemos que este é um dos territórios mais desiguais do Brasil.
O que fizemos foi reforçar a premissa e perceber que a desigualdade é maior do
que a gente imaginava. As nossas periferias são muito mais parecidas do que a
gente imagina, tem a mesma falta de infraestrutura e de equipamentos sociais e
também são muito mais distantes do centro da cidade do que a gente imagina”,
afirmou Cléo Manhas.
Os
dados foram apresentados para representantes de organizações civis das
comunidades analisadas na pesquisa e serão disponibilizados na plataforma
Cidades Sustentáveis. O objetivo é aguçar a percepção dos próprios moradores
sobre os indicadores e levantar sugestões de políticas públicas que podem
melhorar a infraestrutura das comunidades. “Nós queremos deixar essa realidade
mais visível em gráficos e mapas, para que a população desses locais tenham um
documento para demandar recursos para os locais onde vivem”, explicou a
assessora política do Inesc.
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