Brasil| Direito ao aborto em casos de infecção por Zika será votado hoje no STF
O
Supremo Tribunal Federal (STF) deve iniciar nesta quarta-feira (7) o julgamento
da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 5581) que inclui o pedido de
interrupção da gravidez como uma possibilidade excepcional para mulheres
infectadas pelo vírus Zika. O diagnóstico, durante a gestação, está associado a
casos de microcefalia e outras malformações fetais – sobretudo quando
identificado no primeiro trimestre de gravidez.
O
documento foi protocolado e levado à Corte pela Associação dos Defensores Públicos
(Anadep), que questiona as atuais políticas públicas voltadas para gestantes e
crianças vítimas da epidemia do vírus no Brasil. O principal argumento trata do
sofrimento e do impacto emocional a que as grávidas infectadas pelo Zika são
submetidas, além da defesa de que o aborto é uma questão de saúde pública e
bem-estar.
“A
ADI tem grande repercussão e impacto, sobretudo pelos pleitos principais de
implementação de políticas públicas de informações, diagnóstico e tratamento
integral às mães e crianças atingidas. Como é de domínio público, estamos
diante de uma epidemia mundial que exige atuação estratégica e eficaz do Estado
brasileiro”, destacou o presidente da Anadep, Joaquim Neto.
A
ação também tem o apoio do Instituto de Bioética Anis, coordenado pela
pesquisadora Débora Diniz. Para a antropóloga, o Estado brasileiro falhou em
proteger as mulheres contra o Zika e elas não podem ser penalizadas por
consequências como a microcefalia. O mesmo grupo impetrou ação similar, em
2004, pelo direito ao aborto em casos de bebês com anencefalia. O pedido foi
acatado pelos ministros em 2012.
“Essa
ação não visa à legalização do aborto no país, porque estamos falando da
epidemia. Temos uma situação concreta que bate à porta”, disse. “Claro que, ao
lançar a questão do aborto como parte de uma proteção, o debate volta à cena
nacional. Esperamos muito que ele volte de maneira mais qualificada e reconheça
o intenso sofrimento e risco [que as mulheres] têm ao se manter grávidas contra
sua vontade”, completou.
Outro
lado
O
contexto da epidemia de Zika e a pressão de ativistas, no entanto, não mudam a
posição de grupos religiosos sobre a possibilidade de legalizar a interrupção
da gravidez. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirma
compreender a aflição das gestantes envolvidas nesse cenário e defende que elas
sejam amparadas, mas reforça que a epidemia não justifica a negativa do direito
à vida dos nascituros.
“O
posicionamento da CNBB continua o mesmo, de defesa da vida. Nos chama a atenção
a dificuldade de acolhimento dessas crianças. O que devemos fazer é chamar a
sociedade para ser presente na vida dessas mulheres e crianças. Existe um
descuido geral e temos que retomar essa questão da necessidade de combate ao
mosquito”, disse. “Ele não transmite só Zika, então, todo cuidado é pouco”,
alertou o secretário-geral da entidade, dom Leonardo Steiner.
O
presidente da Associação Nacional de Cidadania pela Vida, José Miranda de
Siqueira, defende que descriminalizar o aborto é uma estratégia que consiste em
“legitimar o que é útil para justificar um comportamento marginal”. Ele lembra
que a vida no ventre materno encontra-se sob proteção da Constituição e cobra
que o Estado se posicione de forma protetora e fomentadora em prol do
nascituro. “A inviolabilidade do direito à vida é uma causa pétrea”,
argumentou. “Temos a prioridade da proteção à vida do nascituro contra o
direito de livre escolha da gestante”, completou. Com informações da Agência
Brasil.
Noticias ao minuto
Nenhum comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.