Saúde| Rubéola na gestação pode cegar o bebê; saiba como evitar
De
tempo em tempo surgem focos de rubéola em vários pontos do país que deixam as
gestantes de 'cabelo em pé'. Não é para menos. A doença contagiosa que
geralmente surge na infância pode ser contraída na gravidez e provocar
más-formações congênitas no bebê. De acordo com o oftalmologista do Instituto
Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a contaminação da gestante é a principal
causa da catarata congênita. Acontece porque muitas mulheres desconhecem se são
imunes ao vírus que causa a doença, o rubivírus.
O
especialista afirma que imunidade só é adquirida após a segunda vacina. A
primeira é aplicada quando a criança completa um ano. A segunda entre 4 e 6
anos.
O
problema é que muitas pessoas deixam de tomar a segunda dose e não ficam
imunizadas. Por isso, o médico recomenda que no início da vida sexual toda
mulher faça um teste sorológico, disponível na rede pública de saúde, para
checar se é soropositiva ao rubivírus.
Em
caso de não estar imune deve tomar a vacina. Isso porque, se contrair rubéola
durante uma gestação, o vírus atravessa a placenta e provoca alterações nos
tecidos do feto em formação. Os sistemas mais atingidos são o cardíaco e
nervoso, incluindo os olhos. Significa que além da catarata congênita, a doença
também pode causar no feto surdez, retardamento mental, malformação do globo
ocular (microftalmia) e até interromper a gestação.
Sem sintomas
Queiroz
Neto afirma que o maior desafio da rubéola entre gestantes é a falta de
sintomas em 80% dos casos. Só em 20% das pessoas surgem pequenas manchas
vermelhas na pele, febre, dor nas articulações e aumento dos gânglios. Por
isso, é comum mulheres confundirem algum mal-estar da rubéola com gripe. “Só
ficam sabendo que tiveram a doença durante a gestação quando o bebê nasce com
catarata”, comenta. Ele ressalta que independente dos sintomas a vacina não
deve ser tomada durante a gravidez. Isso porque, é produzida com o vírus vivo e
pode trazer complicações para a saúde do feto.
Sequelas da catarata
congênita
O
oftalmologista explica que entre crianças ou idosos as características da
catarata são idênticas: o cristalino do olho fica opaco e impede que as imagens
cheguem à retina, levando à cegueira se não for tratada.
A
diferença é que no caso da catarata infantil a visão está em desenvolvimento.
Por isso a falta de diagnóstico logo no início pode acarretar outras doenças.
Uma delas é a ambliopia ou olho preguiçoso que acontece quando só um olho é
atingido pela catarata. “O esforço visual para enxergar com o olho de melhor
visão anula o desenvolvimento do outro”, afirma. Outras seqüelas oculares que
podem estar associadas à catarata congênita são: nistagmo (movimentos não
coordenados dos olhos), estrabismo (desalinhamento dos olhos), fotofobia
(aversão à luz) e dificuldade de fixação do olhos.
Diagnóstico
Queiroz
Neto afirma que o diagnóstico da catarata congênita é feito através de um exame
barato e indolor. Trata-se do teste do olhinho, que deve ser realizado logo que
o bebê nasce e está em vias de se tornar obrigatório em todo o país. É feito
com um oftalmoscópio, espécie de lanterna com a qual o médico joga luz sobre o
olho do bebê. Quando a luz emite um reflexo vermelho contínuo significa que o
olho é saudável. Se o reflexo for descontínuo ou não for emitido indica
catarata congênita.
Tratamento
O
oftalmologista diz que a cirurgia com implante de uma lente intraocular que
substitui o cristalino opaco também é indicada no tratamento da catarata
infantil. O procedimento, comenta, deve ser só feito quando o bebê completa
três meses. Isso porque, proporciona melhor recuperação da função visual e pode
induzir ao glaucoma se for realizado antes.
Ele
destaca que o comprometimento dos pais é essencial para que a criança tenha boa
visão. Isso porque, é necessário estimular o desenvolvimento da visão e ter
acompanhamento com um oftalmologista a cada 3 meses após a cirurgia.
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