Mundo| Papa diz que críticas de cardeais 'não tiram seu sono'
Em
uma entrevista ao maior jornal católico da Itália, o "Avvenire", o
papa Francisco falou sobre uma carta que recebeu de cardeais conservadores
questionando sua exortação "Amoris laetitia" ("A alegria do
amor", em tradução livre) e disse que isso "não tira seu sono".
"Quanto
às opiniões é preciso sempre distinguir o espírito com que elas são ditas.
Quando não há um espírito bravo, elas também ajudam a caminhar. Outras vezes,
você vê que as críticas dadas aqui e ali são para justificar uma posição já
assumida, não são honestas. São feitas com um espírito bravo para fomentar a
divisão", disse o Pontífice.
Segundo
o líder católico, os ataques à "Amoris laetitia" nascem "de um
certo legalismo que pode ser ideológico".
"Alguns
continuam a não compreender: ou é branco ou é preto, mesmo que esteja no fluxo
da vida o discernimento. O Concílio disse isso, mas os historiadores dizem que
um Concílio, para ser bem absorvido pelo corpo da Igreja, tem necessidade de um
século. Bem, estamos na metade", ressaltou o Papa lembrando o Concílio
Vaticano II, realizado pela Igreja Católica entre os anos de 1962 e 1966.
As
falas de Jorge Mario Bergoglio referem-se a uma carta enviada pelo cardeal
Raymond Leo Burke, um dos mais conservadores do clero norte-americano e
ferrenho defensor da interpretação rígida da doutrina católica, pelo cardeal
Walter Brandmüller e pelos arcebispos eméritos Carlo Caffara e Joachim Meisner.
O
documento foi enviado ao Papa no dia 19 de setembro, mas Francisco não
respondeu às "cinco dúvidas" sobre a exortação.
Por
isso, Burke decidiu tornar público o pedido de explicações nesta semana. Eles
questionam situações que teriam contradito outros textos católicos ou práticas
seculares da Igreja na questão dos divorciados.
Com
sua política de abertura, Bergoglio pediu para que as igrejas pelo mundo não
excluam os divorciados que estão em uma nova união porque eles "não estão
excomungados", justificando que ninguém "deve ser punido para
sempre". No entanto, Burke - que já se envolveu em diversas polêmicas com
Francisco - diz que isso não está claro e que cada diocese tem uma prática
diferente, o que vem fazendo com que a Igreja "perca muitos fiéis".
-
Jubileu da Misericórdia: O papa Francisco também foi questionado sobre a
realização do Jubileu da Misericórdia, que já foi encerrado nas paróquias, mas
terá uma celebração especial neste fim de semana. Questionado se o evento foi
planejado, o Pontífice revelou que não.
"Não
fiz um plano. As coisas aconteceram. A Igreja é o Evangelho, não um caminho de
ideias. Quem descobre que é muito amado, começa a sair da solidão, da separação
que o leva a odiar os outros e a si mesmo. Espero que muitas pessoas tenham
descoberto que são muito amadas por Jesus e se deixem abraçar por ele",
disse o sucessor de Bento XVI.
Apesar
de ser convocado, geralmente, a cada 25 anos, um Ano Santo pode ser convocado
pelo Pontífice quando ele achar necessário. Desta vez, foi uma maneira de
chamar os fiéis para a Igreja e também marcar os 50 anos do Concílio Vaticano
II.
-
Ecumenismo: Questionado sobre sua postura de unir os líderes religiosos de
todas as crenças, o Papa afirmou que está seguindo apenas um percurso já
iniciado por outros sucessores de Pedro.
"Vem
de muito tempo, com passos dos meus antecessores. Este é o caminho da Igreja.
Não sou eu. Não fiz nenhuma aceleração. Na medida em que andamos adiante, o
caminho parece ser mais veloz", afirmou Bergoglio.
Recentemente,
Francisco foi o primeiro Papa a ir para os eventos de celebração da Reforma
Luterana, na Suécia, e recebe frequentemente líderes de muitas religiões no
Vaticano.
-
Proselitismo: O sucessor de Bento XVI também foi questionado sobre o atual
momento da Igreja Católica e voltou a destacar sua condenação ao proselitismo
(a tentativa de conversão para uma doutrina através de discursos).
"A
Igreja não é um time que busca torcedores. A Igreja nunca cresce no
proselitismo, mas por atração. O proselitismo entre cristãos é, em si mesmo, um
pecado grave [...] e contradiz a dinâmica de como a gente se torna e permanece
cristão", disse ao "Avvenire". (ANSA)
Noticias ao minuto
Nenhum comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.