Eles| A rara síndrome pós-orgasmo que só afeta homens
Para
algumas centenas de homens em todo o mundo a experiência de um orgasmo pode não
estar ligada ao prazer.
Isto
ocorre por causa da síndrome da doença pós-orgásmica (POIS, na sigla em
inglês), um problema raro que afeta exclusivamente os homens.
Os
sintomas vão desde cansaço e febre até diarreia e ocorrem como consequência de
um orgasmo.
A
doença foi identificada em 2002 pelo cientista holandês Marcel Waldinger,
neuropsiquiatra da Universidade de Utrecht, na Holanda.
E,
até o momento, o médico conseguiu encontrar pouco mais de 200 homens que sofrem
desta síndrome.
Mas
ele acrescenta que a doença pode ser mais comum do que se pensa.
Geralmente
muitos homens não falam sobre o problema por conta da vergonha e confusão que
os sintomas causam. Outros sequer sabem que têm o problema.
Causas?
Desde
que o problema foi descoberto os cientistas identificaram várias possibilidades
de causas, de uma possível alergia ao próprio sêmen ou em função de um
distúrbio neurobiológico.
Alguns
pacientes enfrentam o transtorno durante toda a vida adulta, o chamado
"POIS Primário" Em outros casos, apelidados de "POIS
Adquirido", a doença se desenvolve com o passar dos anos.
Isto
levou Waldinger a acreditar que o problema poderia ter uma base psicológica.
Em
2016 foi realizado um novo estudo com 45 homens que sofrem da doença e da
análise dos resultados surgiram novas teorias para explicar a origem da POIS.
Os
pesquisadores adicionaram à lista de causas uma reação autoimune ao plasma
seminal. Os cientistas acreditam que esta reação alérgica pode ser tratada com
injeções regulares de sêmen diluído.
Este
tratamento ainda está em fase experimental e só foi administrado em dois
pacientes.
O
relatório mais recente de Marcel Waldinger afirma também que a síndrome poderia
estar ligada a uma disfunção da glândula pituitária e também à deficiência de
testosterona.
Barry
Komisaruk, cientista especializado em respostas neuronais a estímulos sexuais e
diretor do Programa de Pesquisa Biomédica da Universidade de Rutgers, em Newark,
Estados Unidos, também iniciou sua própria pesquisa.
Na
teoria desenvolvida por Komisaruk a causa da doença está ligada ao nervo vago
ou pneumogástrico, um nervo craniano que envia impulsos para quase todos os
órgãos.
Komisaruk
afirma que, nos casos de homens que sofrem com a síndrome, este nervo poderia
estar atrofiado.
"Muitos
dos sintomas que os pacientes apresentam são mediados pelo nervo vago",
explicou.
Sintomas
Entre
os sintomas que Waldinger identificou nos pacientes que sofrem da doença está o
cansaço extremo, dificuldades de memória e problemas de concentração.
Cerca
de 85% dos pacientes do médico holandês sofrem com isso.
Eles
também sofrem de debilidade da musculatura, febre ou sudorese extrema,
diarreia, calafrios, alterações do estado de ânimo, geralmente irritabilidade,
discurso incoerente, congestão nasal e olhos ardendo.
Todos
os sintomas aparecem depois do orgasmo, alguns segundos, minutos ou poucas
horas após a ejaculação.
E,
para piorar, a maioria destes sintomas pode durar entre dois e cinco dias.
Tratamento
difícil
Homens
que sofrem com a síndrome da doença pós-orgásmica participam de um fórum para
compartilhar suas experiências, o Fórum POIS Center, e falar sobre truques para
tentar driblar os sintomas.
Mas
as variações de sintomas de um paciente para outro fazem com que o
desenvolvimento de um tratamento único seja ainda mais difícil.
Pacientes
já tentaram tratamentos à base de vitaminas e adesivos de testosterona, além da
eliminação de todos os laticínios de suas dietas.
Outros,
já em desespero, tomam sedativos e antibióticos.
No
entanto a má notícia é que, até o momento, a única medida que realmente parece
funcionar é a abstinência sexual.
E,
pelo fato de os pesquisadores ainda não saberem qual a causa ou causas exatas
do problema, dificulta o desenvolvimento de um remédio eficaz.
Mas,
como afirmam muitos usuários do Fórum POIS Center, o importante por enquanto é
divulgar mais a doença. Com mais pessoas falando sobre a síndrome e conhecendo
a doença, maiores serão as chances de se encontrar uma cura.
Do Uol
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