Educação| MEC pede a institutos federais que listem alunos que estão em ocupações
Ofício
do Ministério da Educação (MEC) enviado nesta quarta-feira, 19, aos dirigentes
dos institutos federais (IFs) solicita que eles remetam à pasta, em 5 dias,
listas com os nomes de todos os estudantes que participam das ocupações contra
o governo de Michel Temer. O documento é assinado pela titular da Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica (Setec), Eline Neves Braga Nascimento.
Para
a União Nacional dos Estudantes (UNE), a medida é "uma afronta à liberdade
de manifestação, uma vez que não se sabe a finalidade de tal delação, podendo
até ser punitiva". O último levantamento da União Brasileira de Estudantes
Secundaristas (Ubes), divulgado nesta quinta-feira, aponta ocupações em 961
instituições de ensino em todo o País, 78 delas institutos federais espalhados
por 18 Estados.
O
ministro da Educação, Mendonça Filho, já afirmou que vai cancelar a aplicação
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - previsto para 5 e 6 de novembro -
nas escolas ocupadas, caso os estudantes não recuem até o dia 31 de outubro.
Ele informou, ainda, que a pasta acionou a Advocacia-Geral da União para
"adotar providências jurídicas cabíveis com relação à responsabilização
dessas ocupações", já que a aplicação de uma nova prova custaria cerca de
R$ 8 milhões, segundo estimativas do MEC.
Os
estudantes protestam contra a medida provisória que determinou a reforma do
ensino médio, contra a PEC do Teto - que congela as despesas do governo,
incluindo a área de educação, por até 20 anos - e também contra o projeto
Escola Sem Partido. O Paraná é o Estado que mais tem puxado as manifestações,
concentrando 85% de todas as instituições ocupadas no Brasil.
Não
há nenhum instituto federal paranaense ocupado, mas a recomendação do MEC
também causou efeitos no Estado. Segundo uma professora ouvida pela reportagem,
houve uma orientação para que os diretores fizessem uma espécie de ata,
reunindo o nome de todos os alunos participantes. O argumento era o de que a
ata "legitimaria" a manifestação. Na escola em que ela leciona, na
periferia de Curitiba, todos os alunos se recusaram a assinar.
No
ofício, a Setec argumenta, para justificar a necessidade da lista, que
"devem ser preservados os direitos dos estudantes ao acesso às atividades
curriculares, a integridade da comunidade acadêmica, a incolumidade do
patrimônio público e, ainda, a iminência da aplicação do Enem."
Diante
das reações, o MEC lançou nota de esclarecimento, afirmando que, segundo
relatos, participam das ocupações "pessoas que não pertencem à
comunidade", o que poderia trazer prejuízos "à educação, ao
patrimônio público e ao erário". "Para cumprir sua obrigação, a Setec
precisa de informações oficiais", diz a pasta. No texto, o ministério
ainda pede "bom senso" dos jovens para que desocupem as instituições
até o dia 31, para tornar possível a realização do Enem.
Do NoticiasAominuto
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