Política| Por que o impeachment de Dilma pode ser anulado e nova votação pode ocorrer no Senado
Os
mais de 20 recursos ajuizados no Supremo Tribunal Federal que questionam o
fatiamento da votação do impeachment de Dilma Rousseff geraram um amplo leque
de dúvidas, com a possibilidade de uma nova votação ou anulação do processo.
Pelo menos dois ministros da Corte já se posicionaram favoravelmente à análise
das ações.
"Eu
acho que, em princípio, nós, juízes, deferimos ao Parlamento a solução de
questões políticas. Mas quando essas questões políticas são decididas com
violação dos princípios inerentes ao Estado democrático de direito, é
sindicável ao Supremo a apreciação dessas infrações", disse o ministro
Luiz Fux à Folha de S.Paulo.
O
advogado da ex-presidente, José Eduardo Cardozo, e a advogadaJanaína Paschoal,
uma das denunciantes do pedido de impedimento, concordam que uma nova análise
pode trazer Dilma Rousseff de volta ao poder.
Cardozo
afirmou que esta é a primeira vez nesse processo que concorda com a advogada da
acusação. "Esse pedido pode anular toda a decisão. Não entendi bem a
lógica, mas seja como for, entendemos que é correto a suspensão [dos direitos
políticos] não ter sido decretada para a presidente da República pela não
gravidade.”
Para
ele, reverter só a segunda votação é “impossível” porque teria senador que
poderia votar diferente se soubesse que havia apenas um questionamento. Cardozo
também cita autores do direito constitucional para justificar sua opinião.
“No
caso Collor, o mandado de segurança que tem impetrado diz que a cassação do
mandato e a pena de direito são duas penas distintas. (…) Há um ilustre
constitucionalista, chamado Michel Temer, que tem um livro, Elementos do
Direito Constitucional, que diz o seguinte: ‘[a lei do impeachment] fixa duas
penas, a perda do mandato e a inabilitação por oito anos. A inabilitação da função
pública não decorre da perda do cargo, decorre da própria responsabilização,
não é pena acessória. Há um outro ilustre jurista, que é o ministro do STF
Gilmar Mendes, que afirma que o impeachment admite a aplicação de duas penas, a
perda do cargo e a inabilitação. Por essa razão, entendemos que a decisão do
Senado foi corretamente tomada.”
Cardozo,
porém, acredita que o julgamento pode ser anulado por outros motivos, como
falta de justa causa para abertura do processo.
A
ex-presidente Dilma Rousseff acredita em um resultado diferente caso haja uma
nova votação. Para ela, os senadores que votaram pela cassação na primeira
votação e pela manutenção dos direitos políticos na outra sofreram pressão e
reconhecem que não teve crime.
“Nem
sempre a estrada dos votos é uma estrada retinha, acho que ela é muito
tortuosa.”
O
Senado Federal aprovou o impeachment de Dilma por 61 votos a 20, mas manteve os
direitos políticos por 42 votos a 36. Faltaram 12 votos para chegar aos 54
necessários para que ela também perdesse os direitos. Partidos como PSDB e DEM
entraram na Justiça para derrubar a segunda etapa da votação e retirar os
direitos políticos de Dilma.
"Com
a cassação a pena de inabilitação é automática, não tem como separar. O que se
temia era que a judicialização pudesse prejudicar a votação do impeachment. Mas
o PT já está fazendo isso", afirmou o presidente do PSDB, o senador Aécio
Neves(MG), ao jornal O Globo.
Do MSN
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