A
proposta de reforma do ensino médio continua gerando uma grande polêmica desde
que foi anunciada pelo governo na última quinta-feira, 21. Pouco mais de 24
horas depois que o Senado colocou o tema em consulta pública na internet, foram
mais de 42 mil pessoas se posicionando, 40.198 contrários à mudança e apenas
1.784 favoráveis.
Um
dos pontos mais discutidos da proposta é a retirada de educação física, artes,
sociologia e filosofia da grade de ensino obrigatória. A medida provisória
propõe flexibilização do currículo, com
50% da carga horária — que vai ser aumentada para sete horas com adoção
facultativa por parte das escolas — dedicada ao conteúdo determinado pela Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), ainda em discussão no ministério. Nos outros
50% do tempo, o aluno poderá escolher entre outros “itinerários formativos” com
ênfase em cinco áreas de conhecimento: linguagens, matemática, ciências da
natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional.
Para
garantir que escolas aceitem aderir à carga diária de sete horas, o governo vai
oferecer financiamento de R$ 1,5 bilhão para que os governos estaduais
ampliando o número de alunos estudando em suas redes em tempo integral. A meta
é alcançar 500 mil estudantes em dois anos, tendo 25% do ensino médio em tempo
integral até 2024. As propostas, contudo,
têm sido duramente criticadas por educadores. A coordenadora do Sindicato
Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro, Marta Moraes, afirma
que os profissionais de educação no Estado do Rio e no Brasil inteiro estão
insatisfeitos e indignados com essa reforma.
"Primeiro
pela maneira como está sendo feita, e o resultado do Senado mostra a
impopularidade dessa medida, porque não ouviu os principais interessados: os
profissionais de educação e a comunidade escolar. Parece que é tirar da cartola
algo novo, mas que é um retrocesso. O governo fala em aumentar a carga horária
para sete horas, num momento em que os estado estão falidos por malversação de
verbas ou por qual razão for. É o tipo de medida que não se diz como vai ser
feita, de onde virá o dinheiro."
Uma
das principais críticas da coordenadora é a forma pela qual as mudanças estão
sendo formuladas, e também a retirada de matérias que ela considera vitais para
a formação do aluno.
Primeiro
eles falaram na extinção dessas disciplinas, mas como a reação foi muito grande
aí o discurso já mudou. Queremos ver esse documento e, mais que tudo, queremos
ter acesso a essa discussão. Defendemos uma formação geral para nossos alunos,
uma verdadeira formação que garanta o saber e não uma formação para mercado,
para aqueles que têm condições financeiras e para aqueles que não têm, uma
formação que divida pobres e ricos."
Segundo
Marta, a reforma vai aprofundar divisões nas classes sociais. "Uma coisa
que a gente pergunta nesse tipo de medida: na escola em que o filho do ministro
estuda, na escola em que o filho do presidente estuda essa formação é assim
separada? É essa formação preparando para o mercado. Uma formação que não
amplia o horizonte desse aluno? Queremos fazer essa debate com a sociedade e
dizer não a essa medida provisória, que é mais uma medida impopular desse
governo. Os profissionais de educação não vão aceitar", diz a coordenadora
(Sputnik Brasil)
Do Noticiasaominuto
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