Quatro
cidades mato-grossenses estão entre os 150 municípios com as maiores taxas
médias de homicídios por arma de fogo em 2014. A informação, divulgada nesta
quinta-feira (25), consta no estudo 'Mapa da Violência 2016', coordenado pelo
professor e sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa do Instituto
Sangari e coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade
Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO).
Segundo
o levantamento, quatro cidades de Mato Grosso aparecem no ranking: Primavera do
Leste (a 239 km da capital), Várzea Grande (na região metropolitana de Cuiabá),
Rondonópolis (a 218 km de Cuiabá) e Colniza (1.065 km da capital).
A
pesquisa usou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
do Ministério da Saúde de 2014. O estudo avaliou dados de mortes causadas por
acidente, homicídio, suicídio ou motivo indeterminado causadas com uso de arma
de fogo.
Primavera
do Leste aparece na posição 92º, Várzea Grande é a 110ª, Rondonópolis em 125º
lugar e Colniza no 144º lugar. Os dados levaram em consideração o processo de
desconcentração econômica nas cidades, que gerou novos atrativos de
investimento, força de trabalho, migrações e oferta de emprego. Esses fatores,
agregando com as deficiências e insuficiências nos estados, contribuíram para a
'atração' da criminalidade e violência nesses municípios.
Outro
fator, conforme o levantamento, é que algumas cidades são consideradas rotas de
grandes organizações de contrabando de armas ou produtos, pirataria e tráfico
de drogas. As cidades citadas também podem ter registrados de trabalho escravo,
grilagem de terras, empreendimentos agrícolas e interesses políticos e
financeiros.
“Nós
não podemos deixar de associar a criminalidade pela ausência e fragilidade de
políticas de prevenção ao crime. [As vítimas] são jovens que deveriam estar
integradas no mercado de trabalho ou no ambiente escolar. Há um fracasso no
sistema de inclusão desses jovens. Estando ausentes os direitos e cidadania,
eles [as vítimas] ficam em vulnerabilidade aos demais riscos, como a droga,
inimizades e brigas”, criticou o sociólogo Naldson Ramos da Costa.
Naldson
é membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania
(Nievci) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e membro do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública. “Colniza é histórica a participação. É uma
região de extensão territorial com disputa de terras e ausência do poder
público na área rural. Existe o problema de grilagem de terras e pistolagem”,
comentou o sociólogo.
No
entanto, as quatro cidades representam apenas 2,8% do total dos municípios mais
violentos quanto aos assassinatos por arma de fogo.
O
estudo ainda revela o sexo das vítimas presentes nas estatísticas: 803 são do
sexo masculino e 42 do sexo feminino. Os homens representam 95% da média em
Mato Grosso. Sobre a idade das vítimas, o levantamento aponta a concentração de
mortalidade, nas idades de 15 a 29 anos, na marca de 57,7 mortes por 100 mil
jovens. Brancos representam 17,6 mortes, enquanto que os negros concentram 30,6
mortes por 100 mil jovens.
“Não
se combate crime com repressão ou a presença de policiais. É difícil tirar isso
da cabeça das autoridades. O que faz a pessoa não ser violenta é o que ela
recebeu de educação e controle interno. Quando falha na família e na escola,
consequentemente o que sobra é a violência. Para não morrer, ele mata”, avaliou
Naldson.
Do G1
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