Brasil| Governo Temer discute venda de terras para estrangeiros
A
venda de terras agrícolas para investidores estrangeiros, um tema considerado
fora de questão na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff, voltou a ser
discutida no governo.
O
deputado federal Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) informou ao jornal O Estado de S.
Paulo ter se reunido, na semana passada, com integrantes da cúpula do governo
para discutir a liberação da venda, com a imposição de limites.
Desde
agosto de 2010, um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre a Lei 5.709,
de 1971, proíbe que grupos internacionais obtenham o controle de propriedades
agrícolas no País.
Em
2012, um projeto de lei foi apresentado no Congresso modificando a restrição,
mas está com a tramitação parada.
É
em cima desse projeto que Cardoso propõe modificações. "Estamos
trabalhando em um texto substitutivo que autoriza a compra de terras dentro de
certos limites", disse o deputado, que coordena a Frente Parlamentar de
Silvicultura. "A ideia é que haja um limite de 100 mil hectares por
empresa, que pode ser ainda alterado", disse.
Fundos
soberanos e ONGs, porém, não poderiam ser compradores.
Segundo
Cardoso, o governo sugeriu que fosse incluído no projeto de lei que, para
liberar a venda, o investidor adquira 10% adicionais de terras para destinar à
reforma agrária.
Se
o investidor quiser comprar além do limite de 100 mil hectares, teria de se
associar a um grupo nacional - que seria majoritário no negócio - para essa
expansão, como já ocorre hoje. "Mas o limite de 100 mil hectares pode ser
revisto (para cima)."
O
deputado acredita que o fim dessas restrições poderá destravar investimentos da
ordem de R$ 50 bilhões no País em áreas agrícolas e florestais.
Reação
O
assunto, porém, é polêmico. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) e a Indústria
Brasileira de Árvores (Ibá) são totalmente contra o parecer da AGU e também às
limitações para compra de terras.
O
presidente da SRB, Gustavo Diniz Junqueira, disse que a entidade já tem uma ação,
com pedido de liminar, no Superior Tribunal Federal, para que torne
inconstitucional o parecer da AGU.
"Somos
contra a restrição a estrangeiros, à limitação para compra de terras e achamos
estapafúrdia essa proposta de impor a flexibilização à liberação de 10% de área
para reforma agrária.
São
coisas diferentes." Segundo Silvio Teixeira, da Ibá, a entidade deverá ir
à Justiça, caso o governo decida por um teto para a compra de terras.
Para
o advogado Aldo De Cresci Neto, especialista em florestas e secretário
executivo da Frente Parlamentar de Silvicultura, o Congresso busca um
meio-termo sobre o tema.
Segundo
ele, outra possibilidade, que não foi descartada por Cardoso, seria o registro
do grupo estrangeiro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Da Exame
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