Política| Mônica Moura admite a Moro caixa 2 em campanha presidencial de 2010
Mônica
Moura, mulher do ex-marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana,
disse ao juiz federal Sérgio Moro que o pagamento de US$ 4,5 milhões feito pelo
engenheiro Zwi Skornick foi de caixa dois da campanha presidencial de Dilma
Rousseff, em 2010. "Foi caixa dois mesmo", garantiu Mônica nesta
quinta-feira (21). Esta foi a primeira vez que ela prestou depoimento a Moro,
responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.
A
afirmação foi feita na audiência realizada na Justiça Federal de Curitiba,
relacionada à ação penal originada a partir da 23ª fase da Operação Lava Jato,
deflagrada em fevereiro deste ano. Mônica responde pelos crimes de corrupção
passiva, lavagem de dinheiro. O marido dela também é réu neste mesmo processo.
Os dois estão detidos na carceragem Superintendência da Polícia Federal (PF),
na capital paranaense. Eles ainda são réus em outra ação penal da Lava Jato,
referente à 26ª etapa da operação.
Mônica
disse que o pagamento foi referente à uma dívida de campanha do PT. "Ficou
uma dívida de quase R$ 10 milhões que não foi paga e que demorou e foi
protelada e eu cobrei muito essa dívida", relatou ao juiz.
"Depois
de dois anos de luta, eu tive uma conversa com o Vaccari [João Vaccari Neto],
que era a pessoa responsável pelos pagamentos, era o tesoureiro na época da
campanha, era quem acertava comigo. Ele me mandou procurar um empresário que
queria colaborar com o partido e que ia pagar essa dívida de campanha, foi
assim que eu cheguei ao senhor Zwi", afirmou Mônica.
Ela
contou que encontrou com Zwi para tratar do assunto em um escritório no Rio de
Janeiro. Mônica disse não saber da origem do dinheiro. Moro perguntou se ela
nunca questionou Zwi ou Vaccai sobre a origem do valor, e Mônica disse que não.
"Eles estavam me pagando pelo meu trabalho. Eu estava recebendo finalmente
uma dívida, grande aliás, do trabalho que a gente [ela e João Santana] tinha
feito".
O
pagamento foi efetuado na Offshore Shellbill, que tem conta na Suíça, e
pertence a João Santana, de acordo com Mônica.
Mônica
explicou que apenas perguntou a Vaccari com o pagamento seria feito e, segundo
ela, o ex-tesoureiro do PT disse que o valor teria que ser parcelado. Vaccari
também é réu na Lava Jato e está preso no Complexo Médico-Penal (CMP), em
Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Vaccari inclusive já foi
condenado a 15 anos e 4 meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
O
ex-tesoureiro do PT também é réu nesta ação penal. Ele seria ouvido pelo juiz
federal Sérgio Moro na audiência desta quarta, porém, Vaccari preferiu ficar em
silêncio.
Por
telefone, o advogado que defende Vaccari negou os fatos citados. "O que
foi afirmado não procede, isso é fruto de manifestação oriunda de delação
premiada, que demandaria prova - prova
esta impossível de ser realizada, porque as afirmações não refletem a
verdade", afirmou Luiz Flávio Borges D'Urso.
O
PT foi procurado, mas a reportagem não obteve retorno das ligações.
Ao
ser questionada por Moro porque não contou sobre o caixa dois antes, Mônica
disse que a prisão foi uma situação extrema na vida dela e que, além disso, a
situação do país na época era de crise.
"O
país estava vivendo um momento muito grave institucionalmente, de política. As
coisas que estavam acontecendo em torno da presidente Dilma (...) Pra ser muito
sincera, eu não quis atrapalhar este processo, eu não quis incriminá-la, eu não
quis colocar isso. Eu achava que eu ia contribuir para piorar a situação do
país falando o que realmente aconteceu e eu acabei falando que foi recebimento
de uma campanha do exterior. Eu queria apenas poupar de piorar a situação do
que estava acontecendo naquele momento", alegou Mônica.
Zwi Skornicki
O lobista Zwi
Skornicki prestou depoimento pela primeira vez ao juiz Sérgio Moro na condição
de delator da Operação Lava Jato. O empresário disse ao juiz que começou a
fazer pagamentos de propina ainda em 2003, quando tentava ajudar a empresa de
Cingapura, Keppel Fels a fechar um contrato com a Petrobras.
Zwi é reú no
processod a 23ª fase da Lava Jato e responde pelos crimes de organização
criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Segundo ele,
embora a empresa tenha oferecido preços mais baixos para a construção da
plataforma de petróleo P-52, os pagamentos foram feitos para que a empresa
pudesse fazer a obra sem ter problemas com funcionários da estatal.
Além da Keppel
Fels, Skornicki também foi representante da empresa Sete Brasil. Ele contou que
tratava sobre propina diretamente com o ex-gerente de Serviços da Petrobras,
Pedro Barusco e que perto da campanha de 2010 passou a ter reuniões também com
o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Conforme
Skornicki, foi Vaccari quem levou a mulher do marqueteiro João Santana, Mônica
Moura, ao escritório dele, para receber uma dívida da campanha presidencial de
2010. Skornicki disse que pagou US$ 5 milhões e que descontou esse montante de
uma quantia de propina que deveria ser endereçada ao PT.
"Numa das
visitas que o senhor Vaccari fez no meu escritório, ele disse que tinha que
fazer um pagamento para o senhor João Santana e para a Senhora Mônica Moura. A
senhora Mônica Moura esteve no meu escritório. Combinamos que o valor era de
US$ 5 milhões que o senhor Vaccari tinha autorizado", afirmou.
Desse total,
Skornicki disse que pagou US$ 4,5 milhões. De acordo com ele, com o avanço da Operação
Lava Jato, ele decidiu suspender o repasse da última parcela. Desse total,
Skornicki disse que pagou US$ 4,5 milhões. De acordo com ele, com o avanço da
Operação Lava Jato, ele decidiu suspender o repasse da última parcela.
Do G1
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