Mato Grosso| TJ manda sindicato vetar presença de menores em atos de grevistas em MT
O
desembargador Sebastião de Moraes Filho, da Segunda Câmara Cível do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso, determinou aos trabalhadores da Educação que retirem
todas as crianças e adolescentes que porventura estejam participando do
movimento grevista, iniciado em 31 de maio deste ano, sob pena de multa diária
de R$ 15 mil.
O
prazo para que o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso
(Sintep-MT) cumpra a decisão é de 24 horas a partir da notificação. Dentro
desse mesmo prazo e também sob pena de multa diária de R$ 15 mil, os
trabalhadores devem, ainda, retirar as barricadas que teriam sido montadas em
frente à sede da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). A decisão tem
caráter liminar e cabe recurso.
Ao
G1, o presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, afirmou que ainda não foi
notificado da decisão, mas que sente-se tranquilo quanto às determinações
feitas pelo desembargador porque “nenhuma das condutas foi tomada pelo
sindicato”. O governo, por sua vez, alega que tem mantido o diálogo aberto com
a categoria.
Na
decisão, o desembargador alega que registros fotográficos anexados ao processo
“demonstram que os grevistas estão utilizando-se de crianças em sua
manifestação, conduta essa notadamente inaceitável pela sua exposição a riscos
desnecessários, ainda mais tendo em conta a periclitante divergência entre
aqueles que paralisaram suas atividades funcionais e outros que buscam
exercê-la”.
O
magistrado ainda solicita que o Conselho Tutelar seja informado da decisão,
para que tome as providências cabíveis, de forma imediata, inclusive com a
identificação dos responsáveis.
Além
disso, a decisão cita que alguns grevistas invadiram a sede da Seduc e montaram
barricadas para impedir que outros servidores, que não aderiram ao movimento,
pudesse ingressar no prédio para desenvolver o seu trabalho. Por essa razão, o
desembargador determinou a retirada das barricadas, ordenando ao sindicato para
que suprima “condutas que impeçam o acesso de servidores que não aderiram à
greve ou que causem ameaça ou dano à propriedade”.
A
greve dos servidores da Educação, considerada a maior categoria do estado, teve
início há 50 dias. Segundo o governo do estado, um levantamento realizado nas
unidades de educação aponta que 68% da rede está sem atividades. As demais
escolas (32%) seguem funcionando normalmente, conforme o governo.
Outro lado
De
acordo com o presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes, nenhuma das condutas
apontadas pelo desembargador na decisão referem-se ao sindicato. Segundo ele, o
movimento estudantil participa dos atos do Sintep durante a greve por decisão
própria e não por intimação do sindicato.
“Nunca
utilizamos de crianças e adolescentes nas nossas manifestações. Eles estão
inseridos em movimentos estudantis que apoiam a nossa luta, então, esses
movimentos deveriam ser notificados da decisão. Nossa manifestação é publica e
todos que querem, podem participar, com ou sem decisão judicial”, afirmou.
Além
disso, o presidente afirmou que os trabalhadores que estão na frente do prédio
da Seduc irão permanecer no local. “Quem fechou as portas da Seduc foi o
secretário [Marco Marrafon], que disse que só entraria no prédio quem estivesse
de crachá”, disse.
Do G1
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